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Vencedor em Cannes faz exposição no Rio

Oi Futuro exibe o novo 'Hotel Mekong' e outros filmes de Apichatpong Weerasethakul

SILAS MARTÍ ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Nenhuma construção parece capaz de abarcar o mundo fantástico dos filmes de Apichatpong Weerasethakul.

Talvez isso explique por que o cineasta tailandês, vencedor da Palma de Ouro em Cannes há quatro anos com o longa "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas", tenha abandonado seus estudos de arquitetura para construir seus filmes.

Mas é a experiência de espaços arquitetônicos ou mesmo da natureza selvagem que domina sua obra. Em seu filme mais recente, agora exibido em mostra no Oi Futuro, no Rio, ele retrata o cotidiano de um estranho hotel.

Enquanto atores ensaiam as falas de um roteiro escrito mas nunca filmado por Weerasethakul, alguns personagens aparecem devorando o que seria carne humana.

Nunca fica claro se o que acontece em cena faz parte do filme fictício ou se o hotel à beira do rio Mekong, na Tailândia, está mesmo tomado por um bando de canibais.

E isso pouco importa. Nesse e nos outros filmes da mostra o que está em jogo é um questionamento dos limites do espaço, que se confunde com os limites da realidade e o impacto de memórias, reais ou imaginadas, sobre ela.

"Quis incorporar a memória dos lugares à memória cinematográfica", disse Weerasethakul numa entrevista à Folha em Belo Horizonte, onde a mostra estreou no ano passado. "É como um ensaio. Vou mudando o roteiro para encaixar o que vejo acontecer na hora naquela história."

Essa estratégia que o diretor chama de "liberdade" na hora de compor é ao mesmo tempo um dos trunfos de sua obra e o ponto que mais confunde quem adentra seu mundo, o que legou o rótulo de "incompreensível" ou "impenetrável" a seus filmes.

Mas é parte essencial de seu processo criativo, quase uma reação à censura que sofre na Tailândia ao falar de conflitos com o governo, homossexualidade e religião.

"Quando o lugar oprime você, deprime seu espírito, seus sentimentos reagem com mais força", diz Weerasethakul. "Falo muito de nostalgia, das memórias, mas tentando capturar algo que tenha energia, juventude."


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