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Música

iTunes Store estreia no país com 20 milhões de faixas e preços em dólar

Com músicas comercializadas a US$ 0,99, loja virtual deve converter valores para real em 2012

Apple lança loja, ferramenta de sincronia entre aparelhos e abre iCloud para músicas

Paula Giolito/Folhapress
A cantora Marisa Monte, garota-propaganda da iTunes Store no Brasil
A cantora Marisa Monte, garota-propaganda da iTunes Store no Brasil

FERNANDA MENA
EDITORA DA “ILUSTRADA”

No país em que 1,99 é sinônimo de preço baixo, a iTunes Store lançou seu serviço de venda de música e filmes on-line em que nove é também o número da vez.

Cada faixa, que pode ser ouvida por 90 segundos gratuitamente, será vendida por US$ 0,99 (R$ 1,82 no câmbio de ontem à tarde), em média.

Álbuns inteiros saem por US$ 9,99 (R$ 18,38). Filmes são alugados por US$ 3,99 (R$ 7,4) ou adquiridos por US$ 14,99 (R$ 27,81), em média. Filmes em HD são mais caros.

A loja virtual da Apple inicia as atividades em território brasileiro operando em dólar e anuncia a conversão dos preços para o real já no início de 2012. A R$ 1,99 a faixa? Eles não revelam.

Lançada nos EUA em 2003, a iTunes Store chega ao país com oito anos de atraso, num lançamento conjunto com outros 15 países da América Latina. Com isso, a loja da Apple está em 51 mercados.

Por que demoraram tanto? "Queríamos fazer um lançamento muuuuito forte no Brasil...", desconversa Oliver Schusser, diretor-sênior da Apple para iTunes.

Por aqui, a loja estreia com 20 milhões de músicas e mil filmes. Outro serviço de aluguel de filmes, o Netmovies, disponibiliza 4.000 filmes.

"Há muito conteúdo nacional", diz o executivo da Apple. Quanto? "Não sei", disfarça, sentado ao lado da cantora Marisa Monte, garota-propaganda do lançamento.

"Temos as principais gravadoras e artistas. Temos Roberto Carlos", comemora, enrolando a língua nos erres e esquecendo-se que a loja traz apenas oito dos 48 álbuns do rei. "Suas músicas não existiam no formato digital."

PRESENTES E AUSENTES

De medalhões a alternativos, a iTunes Store Brasil traz discografias completas e novidades independentes.

Alguns nomes, no entanto, estão de fora do lançamento. Quem buscar pelo hino "Não Existe Amor em SP", do celebrado rapper Criolo, não vai encontrá-lo na estreia da loja virtual. Tulipa Ruiz, Mundo Livre S/A e Racionais MC's também estão de fora.

"Ninguém entrou em contato com a gente. Não sei o motivo", afirmou KLJay, dos Racionais, cujo álbum "Sobrevivendo no Inferno" vendeu cerca de 1 milhão de cópias no país desde 1998.

Espalhados em coletâneas, estão na loja da Apple as faixas que compõem os três primeiros álbuns de João Gilberto, marcos iniciais da bossa nova: "Chega de Saudade" (1959), "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960) e "João Gilberto" (1961). Esse último fica incompleto, já que a loja não tem as faixas "A Primeira Vez", "Presente de Natal" e "Você e Eu". Os discos não podem ser lançados em formato físico por embargo do cantor após brigas com a EMI.

IMPACTO

Schusser confirma que artistas poderão disponibilizar faixas gratuitas como material promocional, mas não revela quem pagará a conta: a Apple ou a gravadora.

"É uma forma de promover novos artistas. Disponibilizamos arquivos como alternativa legal à pirataria digital. Mas somos uma loja, queremos que as pessoas paguem por música -e que, assim, os artistas sejam pagos."

A Apple não divulga, mas a Folha apurou que a empresa fica com 30% do valor de cada faixa, e 70% dele vão para a gravadora e os artistas.

"[Ter as músicas disponíveis na iTunes Store] não é melhor ou pior. Como artista, é mais uma opção para comercializar legalmente o meu trabalho. Como consumidora, é fácil, prático e confiável", avalia Marisa Monte.

COMPETITIVIDADE

Levantamento feito pela Folha mostrou que comprar um CD pela internet, mesmo com taxa de entrega, sai mais barato do que comprar as faixas digitais na iTunes Store.

"Nosso foco não é sermos os mais baratos. Apesar disso, nosso preço é bastante competitivo", diz Schusser.

Além disso, nos oito anos entre a estreia americana e o lançamento da iTunes Store no país, a prática de baixar música de graça se consolidou entre brasileiros.

A pirataria ocupa 65% do mercado fonográfico do país, e parece difícil que a loja da Apple se imponha como alternativa aos clandestinos.

Na esfera legal, com a proliferação de serviços de música em streaming, como o Sonora e Rdio, a Apple pode ter perdido o bonde da música digital do Brasil.

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