Técnica inovadora em 3D turbina música eletrônica

Caminhando às margens do rio Tâmisa, Londres, você se depara com um prédio espelhado de 118 metros de altura. Em um piscar de olhos, suas minúsculas janelas de vidro se estilhaçam sem nenhum caco voar pelos ares.

A cena pode parecer surreal, mas aconteceu no último dia 28 com ajuda do vídeo mapping (mapeamento), técnica de projeção de imagens tridimensionais que vem se popularizando entre videoartistas e músicos.

Em Londres, a ação feita no edifício Millbank Tower era patrocinada pela marca de celulares Nokia.

A técnica ganhou este nome porque a estrutura tem de ser mapeada por computador. "A projeção deve encaixar dentro da estrutura", explica Alexis Anastasiou.

O videoartista ganhou anteontem o prêmio APCA de iniciativa cultural, na categoria artes visuais, pelo 2º Vídeo Guerrilha, evento que projetou imagens sobre 11 espaços de São Paulo.

Nesta semana, o vídeo mapping foi discutido em dois eventos: o Passport VJ University, criado pelo VJ Spetto, e o Urbe, no Centro Cultural Banco do Brasil, que ganha mostra entre 25 e 29 de janeiro, no vale do Anhangabaú.

"Essas técnicas vêm sendo aperfeiçoadas há anos e, hoje, o mapping é a bola da vez", avalia Spetto.

Para o coletivo espanhol Telenoika, que se apresenta sábado no encerramento do VJ University, o "mapping" ajuda o artista a dialogar com o público. "A técnica mistura novas tecnologias à arte, aproximando o público de massa. É uma poderosa ferramenta de marketing."

A música tem papel fundamental nos projetos em mapping. A ação em Londres, por exemplo, teve trilha sonora do DJ Deadmau5, nome em ascensão da eletrônica, que usa a técnica em shows de sua atual turnê, que deve vir ao Brasil em 2012.

"Com a alta definição, criamos ilusões óticas em que o palco parece se liquidificar ou estar desabando", conta Phil Mercer, diretor da empresa XL Video, que, além de trabalhar com Deadmau5, criou a tela da turnê "360º" do U2.

"A música eletrônica é muito popular hoje nos Estados Unidos, e o visual tem tudo a ver com essa popularidade", avalia Mercer.

No mês passado, São Paulo ganhou sua primeira casa de shows que aposta no mapping para amplificar a experiência de cada show -o Cine Joia, na Liberdade.