Diretor russo aponta necessidade de renovação no Grupo Galpão

O diretor e pedagogo teatral russo Jurij Alschitz, 63, é o responsável pela direção de "Eclipse", novo espetáculo do Grupo Galpão, em cartaz em Belo Horizonte.

Ele foi convidado para dirigir a peça, baseada livremente na obra do dramaturgo Tchékhov (1860-1904).

Apesar de apreciar a longa e premiada carreira do grupo mineiro, Alschitz vê com certa urgência a necessidade de renovação da trupe.

"Teatro não é o que estamos fazendo, mas para onde estamos indo. Eles não são grandes atores, não são bons músicos, não são bons dançarinos. Mas são o Galpão! O que é fantástico, mas precisam se renovar", diz Alschitz.

"Os atores têm hoje por volta de 50 anos. Eles precisam pensar que daqui a dez terão 60, e o bebê [metaforicamente falando] ainda não foi gerado. A companhia precisa formar e educar a nova geração do Galpão", afirma.

Para esta montagem, propôs uma mudança radical na estética do grupo. "Não há música e os atores ficam parados praticamente o tempo todo. O público que está acostumado às peças mais tradicionais do Galpão vai se surpreender", afirma.

Alschitz também assina a dramaturgia, o figurino e a cenografia da montagem.

"Eu quis fazer uma revolução com eles. Foi como um salto de um século para o outro. Eles estavam no século 19 e eu propus Malevich [1878-1935, expoente do suprematismo, movimento de vanguarda do século 20]", diz.

O diretor está envolvido na pesquisa para a criação do Laboratório e Biblioteca de Treinamento Mundial de Teatro, que busca novas metodologias para a preparação de atores em vários países.

Em suas viagens pelo Brasil, já entrevistou diretores como Antunes Filho e grupos como o Lume.