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Pete Seeger, morto aos 94, foi um homem político do folk dos EUA

Vítima da 'caça às bruxas' anticomunista de McCarthy, cantor perdeu contratos nos anos 50

Músico, que enfileirou sucessos com a sua banda, The Weavers, influenciou Bob Dylan e Bruce Springsteen

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Para muitas gerações de roqueiros, Pete Seeger é o velhinho que volta e meia aparece em fotos ao lado de gente como Bob Dylan e Bruce Springsteen. O que precisa ser dito é que, sem o "velhinho", Dylan e Springsteen simplesmente não existiriam hoje como os artistas que são.

Seeger morreu anteontem, em Nova York, aos 94 anos. Segundo seu neto, "de causas naturais". Enquanto outros músicos deixam seu legado em discos gravados, a relevância do cantor está fora dos estúdios, espalhada por seu cotidiano de ativista na defesa dos direitos civis.

Talvez seja errado dizer que Seeger foi um cantor politizado. Na verdade, ele foi um homem político a vida inteira, mas não quis se associar a partidos. Preferiu o contato direto com as pessoas usando sua voz e um banjo ou um violão.

Sua vocação, tanto política quanto musical, era genética. Seu pai, Charles Seeger, foi obrigado a deixar de ser professor de música em Berkeley por comandar protestos pacifistas contra a Primeira Guerra Mundial.

Ele seguiu os caminhos do pai durante a Segunda Guerra. Fazia até dez pequenos shows em um dia, tocando em reuniões de trabalhadores.

Mas o folk de Seeger nunca foi politizado a ponto de ser chato. Suas músicas tocaram muito nas rádios, e ele enfileirou sucessos com sua banda, The Weavers. Nesta fase, seu maior hit é "Goodnight, Irene", escrita pelo bluesman Leadbelly (1989-1949), no topo das paradas por 13 semanas em 1950.

Nos anos seguintes, Seeger foi vítima da "caça às bruxas" promovida nos EUA pelo senador Joseph McCarthy, que perseguia supostos comunistas. Ele foi interrogado no Senado, mas nada disse que comprometesse amigos e outros músicos. Nessa época, perdeu muito contratos para gravações e shows.

Seeger ressurgiu para o grande público na contracultura dos anos 1960. Ele admirava Dylan, tendo sido um de seus "descobridores". Seeger insistiu com os produtores da Columbia para que o primeiro disco de Dylan saísse pela gravadora, em 1962.

Suas composições ganharam versões de jovens, e talvez a mais conhecida seja "Turn! Turn! Turn!", gravada pelos Byrds, banda fundamental do folk sessentista.

Em 1982, fez shows na Polônia para ajudar o sindicato livre Solidariedade, que se opunha aos interesses soviéticos. Alguns jornalistas viram nisso uma contradição.

Ele rebateu: "Ainda posso me chamar de comunista, porque o que a Rússia faz não é mais comunismo, assim como o cristianismo não é mais o que as igrejas fazem hoje".

Nos últimos 30 anos, Seeger continuou ativo. Entre gravações de estúdio e registros de shows, lançou 74 álbuns. O último, "Pete Remenbers Woody", de 2012, é dedicado ao repertório do amigo, e outra lenda do folk, Woody Guthrie (1912-1967).


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