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Crítica

Decadência física de ator em 'A Trapaça' equivale à moral na ficção

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O trabalho de ator é, afinal, bem implicado em "A Trapaça" (Futura, 23h, classificação não informada), esse belo Fellini de 1955.

Trata-se de um trio de trapaceiros, na verdade, sobrevivendo à custa da ingenuidade e da crendice dos outros (para isso o disfarce de padre é essencial).

Mas algo existe que vai além das peripécias e é Broderick Crawford, o ator hollywoodiano trazido para o filme. A arte de Fellini sempre buscou um sólido apoio nos atores. E Crawford caía perfeitamente bem para o papel: ele havia engordado de tanto comer e beber (beber, sobretudo).

Sua imagem é de uma decadência física que corresponde à decadência moral do personagem. O que permite a Fellini alternar esse quê de humor italiano, que nasce de um certo modo expansivo das personagens, ao drama.

Drama neorrealista que, no caso, nasce da pobreza e se expande em conflito moral, pois é de um Fellini moralista que se trata.

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