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Crítica Ação Personagem fascinante é mal-aproveitado em 'Redenção' RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA "Redenção" comete um erro comum entre filmes ficcionais baseados em histórias reais: mostrar, ao final da projeção, cenas do personagem real que inspirou a produção. Aquele um minuto de documentário sabota os 120 de ficção que o precederam. Porque fica claro que o personagem real é mais carismático e complexo do que sua versão cinematográfica -algo que ocorre, por exemplo, com "Chico Xavier" (2010). O protagonista de "Redenção" é Sam Childers (Gerard Butler), motoqueiro viciado em armas e heroína, que muda de vida ao entrar para a igreja, com ajuda de sua mulher (Michelle Monaghan). Ao trabalhar como voluntário em uma missão religiosa na África Oriental, Childers fica horrorizado com a violência da guerra civil, especialmente contra crianças. Ele decide, então, abrir uma igreja nos EUA e um orfanato no sul do Sudão, em território dominado pelo Exército da Resistência do Senhor, grupo que sequestra crianças e transforma meninos em soldados e meninas em escravas sexuais. Até aí, parece uma história clássica: Deus salva o homem branco, e o homem branco salva as crianças negras. Mas aos poucos o personagem revela-se mais interessante. O pastor decide pegar em armas para enfrentar os guerrilheiros e libertar as crianças -e passa a ser visto como um mercenário por outros voluntários, ainda que lutando contra o inimigo certo. Childers vira uma espécie de Kurtz, o comerciante de marfim que se transforma em semideus no interior da África, o homem que flerta com o mal achando que estava propagando o bem, na novela "O Coração das Trevas" (1903), de Joseph Conrad. Ou melhor, Childers teria potencial para se tornar Kurtz, se o diretor do filme fosse Francis Ford Coppola e se fosse interpretado por Marlon Brando. Mas "Redenção" não é "Apocalypse Now" (1979). O diretor Marc Forster ("O Caçador de Pipas") descarta o épico e opta pela correção. E, assim, faz uma cinebiografia que dá conta dos principais eventos da vida de um personagem fascinante, sem conseguir iluminar suas motivações e contradições. REDENÇÃO
DIREÇÃO Marc Forster |
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