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Crítica - Artes plásticas

Obras antigas são usadas para debater protestos

Em '140 caracteres', pouco envolvimento da produção atual com as ruas faz museu recorrer a peças dos anos 1970

UMA QUESTÃO DA MOSTRA É A POUCA QUANTIDADE DE TRABALHOS CONTEMPORÂNEOS QUE PROMOVEM UMA REFLEXÃO DE FATO A RESPEITO DO BRASIL

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

É muito oportuno --apesar de bastante raro por aqui-- que museus proponham uma reflexão sobre o atual contexto do país.

A mostra "140 caracteres", em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), parte das manifestações públicas que ocorreram no país em junho do ano passado para revisitar seu acervo com questões que poderiam surgir desse fenômeno.

A exposição ganha ainda destaque pelo caráter coletivo de sua concepção: foi organizada por 20 integrantes de um laboratório de curadoria do museu, sob a coordenação de Felipe Chaimovich, o diretor da instituição.

O título indica uma das leituras que o grupo deu aos protestos: 140 é uma referência ao limite de caracteres para uma mensagem no Twitter, atribuindo assim às redes sociais um crédito pela iniciativa das mobilizações.

Do título, a mostra conserva ainda o número de obras, trocadilho fácil, mas aceitável.

Contudo, uma das primeiras questões é a baixa quantidade de obras contemporâneas que promovem uma reflexão de fato sobre o país.

RESGATE

A resposta a esse problema pode buscar dois caminhos: ou o museu tem poucas obras que tratam do país nos anos recentes, ou a produção atual parece distante das ruas, sendo que esta última possibilidade parece a mais correta.

Assim, restou à curadoria um exercício de resgate, ao trazer muitas obras dos anos 1970 --que aí sim enfrentavam a ditadura de forma explícita, como em trabalhos em Marcello Nitsche e Rubens Gerchman.

Ou então apresentar trabalhos recentes que ganham atualização após os conflitos, como os vidros quebrados de Iran do Espírito Santo ("Ato Único" 3 e 5) ou o cavalete de vidro com estilhaços de bala de Marcelo Cidade ("Tempo Suspenso de um Estado Provisório").

É um tanto estranho que as máscaras feitas por artistas para os bailes do museu sejam também expostas em referencia aos black blocs, assim como alguns textos de parede um tanto piegas, como "minha pátria é minha língua, verde grito de esperança". Mesmo assim, refletir o contexto a partir de um acervo é exercício necessário.


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