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"Thriller" com cara de game busca plateia jovem

"Dois Coelhos" testa filão em que o cinema nacional tem histórico irregular

Longa de ação, que estreia no próximo mês, aposta em explosões, tiroteios, edição ágil e efeitos especiais

AMANDA QUEIRÓS
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Misture o roteiro intrincado de "A Origem" com o humor negro de "Pulp Fiction" e uma edição ágil à "Snatch - Porcos e Diamantes". Tempere um pouco com a estética dos games, adicione um enredo tupiniquim e bata tudo no liquidificador. Está pronta a fórmula de "Dois Coelhos", longa de estreia do cineasta Afonso Poyart.

O filme, que estreia no fim de janeiro, busca espaço num filão em que o audiovisual brasileiro engatinha: o dos filmes de ação. Tudo o que se espera de um título dessa espécie está lá: explosões, perseguições, brigas e tiroteios embalados numa trama de traições e romance.

"Quis fazer um filme sobre o desejo que todo brasileiro tem de se vingar dos corruptos", afirma Poyart, que tem experiência no ramo da publicidade e também assina o roteiro.

Na trama, Edgar (Fernando Alves Pinto) se envolve em um acidente que muda a vida de Walter (Caco Ciocler) e de Júlia (Alessandra Negrini). Sentindo-se (ou sabendo-se) culpado pelo infortúnio, ele resolve perseguir o juiz que o inocentou.

A linguagem ágil adotada e a sucessão de efeitos especiais têm alvo certo: o público jovem. Aproximadamente R$ 3 milhões estão sendo gastos no lançamento, que deve ocupar 300 salas e brigar pelos espectadores dos "blockbusters" de férias. A produção do filme custou pouco mais do que isso, R$ 4 milhões, montante captado por meio de leis de incentivo.

A estratégia dos produtores é criar burburinho nas redes sociais antes mesmo da estreia, com o lançamento, no Facebook, de um game protagonizado por Edgar. "O cinema nacional tem falhado com os adolescentes. Não há filmes voltados para eles", avalia o distribuidor Abrão Scherer, da Imagem Filmes.

NA COLA DE 'TROPA'

"Dois Coelhos" tenta encontrar sua plateia enveredando pela trilha aberta por títulos como "Tropa de Elite 2" (2010) e "Assalto ao Banco Central" (2011).

O primeiro contou com uma equipe americana para preparar as cenas de ação e virou o filme brasileiro mais visto no país, levando 11 milhões de pessoas aos cinemas.

Já o segundo pegou carona num episódio real e, apesar das críticas negativas, garantiu dois milhões de ingressos vendidos.

Para o professor de cinema Ismail Xavier, o segredo para o sucesso de um filme de ação está nas mãos do diretor e dos atores.

"'Cidade de Deus' (2002) e 'Tropa de Elite' foram os que mais público tiveram pela contundência, por conseguirem criar um mundo verossímil e uma representação própria da violência que corresponde à expectativa do público de cinema", opina.

O produtor Marcos Didonet, de "Assalto ao Banco Central", afirma que a aposta no gênero só foi possível por causa do aumento da profissionalização do cinema no Brasil.

Se detêm o "know-how" técnico, alguns títulos ainda derrapam em quesitos, digamos, mais prosaicos, como roteiro, atuação e direção. Aí começou a ruína de "Besouro" (2009), "Segurança Nacional" (2010) e "Federal" (2010).

Mas sempre é possível botar a culpa na magreza do orçamento. "O filme de ação, em geral, não é barato. Tem que ter várias câmeras, um super-roteiro, um grande editor", elenca Paulo Sérgio de Almeida, diretor do Filme B, portal que monitora o mercado audiovisual brasileiro.

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