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Houellebecq ironiza artes em novo livro Autor francês é também personagem de "O Mapa e o Território", em que critica Jeff Koons, Damien Hirst e Picasso Para destrinchar o processo criativo do protagonista-artista Jed, escritor copiou trechos da Wikipédia O provocativo autor francês Michel Houellebecq não poupa nem a si mesmo de ironias em seu novo livro de ficção, "O Mapa e o Território", que deve sair aqui em 2012. Centrada no mundo das artes plásticas, a obra trata da história do recluso artista Jed Martin, que lembra os personagens principais das obras anteriores de Houellebecq, como "Plataforma" e "Partículas Elementares". Jed é um homem triste de pouca beleza, porém sensível o suficiente para descolar mulheres lindas, ainda que em romances trágicos. Poderia ser um alter ego do escritor, se este não surgisse como um personagem bastante importante da trama e cujo destino catastrófico fará a alegria de seus detratores. "O Mapa e o Território" destrincha os processos criativos da vida artística de Jed, desde a descoberta do talento, quando criança, e o projeto fotográfico pioneiro que começou na faculdade até a primeira exposição individual feita com mapas Michelin, a descoberta da pintura e as obras feitas antes de morrer. Houellebecq aparece na história quando o artista o convida para escrever o catálogo de uma mostra de seus trabalhos e resolve presenteá-lo pintando seu retrato. O leitor é então levado ao universo do autor, em sua casa na Irlanda, ou pelo menos para o que Houellebecq quer nos fazer acreditar ser sua vida. Está lá a persona deprimida, alcoólatra e misteriosa pela qual ficou conhecido. Ele também some e deixa de responder telefonemas e e-mails no livro, da mesma forma como aconteceu na vida real, em setembro, quando deveria estar em viagem divulgando seu romance. Entre as usuais provocações, o francês faz comentários ácidos sobre o mercado de arte e figuras como Jeff Koons, Damien Hirst e Picasso, cujo trabalho chama de "estupidez extrema". "Ele pinta um mundo medonhamente deformado porque sua alma é medonha, e isto é tudo o que se pode falar de Picasso", diz Houellebecq, o personagem. "Não há mais razões para apoiar exposições de seus trabalhos. Ele não tem nada a contribuir, e com ele não há luz, não há inovação na organização das cores e formas." Considerado o autor francês de maior sucesso fora da França, Houellebecq admitiu que copiou trechos técnicos da enciclopédia Wikipédia no livro, o que não impediu que ele recebesse o prêmio literário mais importante do país em 2010, o Prix Goncourt. MAPA E O TERRITÓRIO
AUTOR Michel Houellebecq JOSÉ SIMÃO: Hoje, excepcionalmente, não é publicada a coluna Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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