Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Foco

Galeria em Nova York recria mostras do regime nazista

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

Em julho de 1937, duas grandes exposições de arte foram abertas ao público em Munique, ambas organizadas pelo regime de Adolf Hitler.

A primeira se destinava a doutrinar os alemães sobre o que deveria ser, de fato, considerado arte.

A segunda mostra, inaugurada a apenas 500 metros da outra, tinha como meta gerar um sentimento de repulsa sobre a arte moderna, ou "degenerada", como determinaram os nazistas.

A diferença entre as duas pode ser vista agora na Neue Galerie, em Nova York, que as recriou na exposição "Degenerate Art: The Attack on Modern Art in Nazi Germany" (Arte Degenerada: O Ataque à Arte Moderna na Alemanha Nazista). São mais de 50 obras, muitas delas confiscadas pelos nazistas por anos.

"Hitler queria restabelecer Munique como a principal cidade para as artes na Alemanha. Então houve essas exposições simultâneas, que estabeleciam o que era apropriado e o que não era em termos de arte", afirma o curador, o alemão Olaf Peters.

Idealizada pelo ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, a exposição "Arte Degenerada", no entanto, acabou atraindo 2 milhões de visitantes --quatro vezes mais do que a "Exposição da Grande Arte Alemã".

Em um vídeo gravado por um jornalista americano, é possível ver o público percorrendo os corredores da "Arte Degenerada".

"Você tem a impressão de que era a primeira vez que muitas daquelas pessoas iam a uma exposição de arte moderna", diz o curador. "Mas muitas outras foram para se despedir desse tipo de arte, aquela poderia ser a última vez que viam algo assim."

A tela "Eternos Caminhantes", de Lasar Segall, foi uma das que integrou a mostra. Enviada pelo Museu Lasar Segall, em São Paulo, faz parte da exposição em Nova York, que segue até 30 de junho.

As peças consideradas "apropriadas", por sua vez, eram de artistas alemães ligados ao nazismo e pinturas clássicas ou realistas.

A disposição na Neue Galerie segue o mesmo padrão das exposições de Munique. Na sala dedicada à "Exposição da Grande Arte Alemã", um local amplo, com paredes brancas, há obras espaçadas e bancos para sentar.

Na que reúne as pinturas e esculturas da "Arte Degenerada", há paredes escuras, quadros amontoados e espaço apertado. Na exposição original, as paredes eram pichadas com frases contra a arte moderna.

"O tipo de arte e o tipo de apresentação foram as principais diferenças entre as duas exposições. Na Arte Degenerada', a instalação foi feita de maneira bruta e propagandista, com a intenção de influenciar a opinião do visitante", observa Peters.

Estima-se que mais de 20 mil obras, em sua maioria modernistas, foram confiscadas de museus estatais alemães pelo nazismo.

Mais de 5.000 delas devem ter sido destruídas. A perda é retratada na mostra de Nova York, com molduras vazias e nomes das pinturas ausentes.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página