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Vai tocar ou vai dublar?

DJs deixam de mixar ao vivo para usar mais efeitos de luz e pirotecnia em shows

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

A música tocou perfeitamente, mas o cabo de energia ficou todo o tempo estendido lá no meio do palco, desplugado. Os DJs nem encostaram nos fones de ouvidos.

A cena ocorrida em um show da dupla inglesa Disclosure, no festival Capital FM Summertime Ball, em Londres, no ano passado, virou piada nas redes sociais.

Os irmãos Guy, 22, e Howard Lawrence, 19, que estão entre as atrações do festival Lollapalooza em São Paulo, se manifestaram dizendo que o escândalo foi deliberado.

A organização do festival havia exigido que não tocassem de fato, só fingissem, para não prejudicar a sincronia com as imagens dos telões. Contrariados, decidiram então mostrar aos fãs que estavam só "dublando". "Não vamos fazer isso de novo", diz Guy à Folha. A dupla toca em São Paulo no dia 5.

Se o Disclosure, segundo Guy, faz questão de tocar para valer ao vivo, outros DJs de destaque andam apertando botões de mentirinha.

"Muitos não sabem ser DJs ou não conseguem fazer ao vivo", diz, acusando David Guetta de fingir.

Guetta, DJ e produtor francês, dono de hits como "Titanium", já foi acusado diversas vezes de fingir tocar. A polêmica mais recente envolve seu show no Recife, em janeiro, quando a música parou repentinamente e só voltou nove minutos depois.

Seu pendrive teria se desplugado do computador, interrompendo o som supostamente já gravado, segundo boatos na internet.

Procurado pela reportagem, o artista não respondeu. A Plus Talent, responsável pelo show no Brasil, negou que Guetta estivesse fingindo e disse que a interrupção foi fruto de falha elétrica.

Para Renato Ratier, DJ e dono do clube D-Edge, a questão do "playback" vai além do conhecimento para mixar. Segundo ele, profissionais de renome têm usado sets prontos não por incapacidade, mas para abusar de efeitos luminosos e pirotécnicos, que são pré-programados.

"Os caras ganham do ponto de vista do show, mas vai se perdendo a arte de improvisar", opina Ratier.

"A música eletrônica está crescendo e, em alguns casos, os shows estão ficando parecidos com os de banda pop", diz Gustavo Rozenthal, da dupla carioca Felguk, únicos brasileiros no ranking dos cem melhores DJs do mundo.

O uso do computador na discotecagem favorece os fingidores, que passam imperceptíveis aos olhos do público, diz DJ Mau Mau, há 27 anos na profissão. "Antigamente, com os vinis, não tinha como fingir. Ou fazia ou não fazia."


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