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Mãe exaltação

Maria Rita lança disco de sambas e fala do orgulho que sente depois de turnê de um ano e meio com canções de Elis Regina

THALES DE MENEZES ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Maria Rita lança agora "Coração a Batucar", seu sexto álbum, totalmente dedicado ao samba. Aos 36 anos, se diz em fase "solar" com os dois filhos e o marido, o guitarrista Davi Moraes, o que até dificultou sua identificação com o repertório de sambas do disco, que falam de desilusões e volta por cima.

No final de abril ela começa nova turnê. "Não faço do show uma réplica do CD", diz em entrevista à Folha no Rio, numa pousada de Santa Teresa. "Mas vou focar em samba. Sou madrinha de bloco, desfilo em escola de samba no Rio e em São Paulo. Já avisei no Facebook que esse disco é para se acabar de dançar, sair com bolha no pé."

A divulgação na TV não deve ser extensa. "Falta programa ao vivo. Você conta numa mão programas de TV que aceitam ter a Maria Rita cantando ao vivo. Porque eu não dublo. Nunca dublo. A Ana Maria Braga me coloca ao vivo. Ela comprou essa minha briga, mas quase nenhum outro compra", diz a cantora.

Na entrevista, ela fala do álbum e das emoções de ter feito, entre 2012 e 2013, turnê cantando o repertório de sua mãe, Elis Regina (1945-1982).

NOVO DISCO

Não posso dizer que quando comecei a fazer a pesquisa de repertório eu queria fazer um disco de samba. Foi acontecendo. "Vai, Meu Samba" se impôs. Um samba inédito de Noca da Portela que tinha 30 anos!

Eu escuto muita música. Antes do meu álbum "Segundo", por exemplo, ouvi mais de 1.200 canções. Faço temporada de ouvir música. Dar uma canção na mão de um intérprete requer uma coragem muito grande. O mínimo que eu posso fazer em respeito a isso é ouvir com atenção.

Ouço tudo, da pessoa desconhecida, sem música gravada, até o Arlindo Cruz.

MERCADO

Nas minhas crises, me pergunto no estúdio: "O que eu estou fazendo aqui?". Perdendo noites, montando um disco, me estapeando em discussões, decidindo se vai ter 12 ou 14 faixas, pensando em detalhes. Gente, a maior parte vai ser baixada pirata, vendida na rua. Claro que fico chateada quando a pessoa compra duas faixas na internet e só.

CANTAR

Saber a letra, o andamento, o tom e, aí, cantar. Isso de editar, cortar, colocar só o que saiu certinho, isso comigo não cola. Eu me recusei, nunca fiz. Juro pela saúde dos meus filhos. Minha voz não é regravada em estúdio, porque essa máquina é humana, passível de erro, de emoção.

ATAQUES

Não acompanho o que falam de mim. Fazia isso no começo, até aparecer um grupo que queria, literalmente, me assassinar. Diziam que queriam me bater e deixar largada para morrer. Diziam "quem ela pensa que ela é?".

Eram xiitas, fanáticos pela minha mãe. Minha música não é para despertar esse tipo de sentimento. Não acho que mudou com o tempo, continuo tomando porrada.

REPERTÓRIO DE ELIS

Vi as pessoas com saudade, com curiosidade, com entrega, 120 mil pessoas cantando junto as letras, que não têm o refrão "lá lá lá" ou "ô, ô, ô". Não são essas melodias que a gente ouve por aí e se pergunta o que aconteceu com a nossa música. Ali eram 120 mil cantando "Madalena".

A MÃE

Falo como filha e como cantora, CPF e CNPJ têm a mesma opinião: minha mãe era foda!

Bicho, quando fiz pesquisa para o show, eu falava: "Onde fui me meter?". É tudo bom. Veio o medão de cantar, mas aquilo me deu uma porção de segurança a mais. O que fiz ali foi verdadeiro, por um ano e meio.

Fiz tudo direito, com muita honra e muito amor. Me recusei a me referir a ela como Elis, dizia "minha mãe". Era o momento de todos verem que eu não tenho questão nenhuma sobre ser filha de Elis. Alguém inventou isso, escreveram o que quiseram.

Foi emocionante, como filha, ver a reação das pessoas, perceber como minha mãe era amada, como ela era... [Maria Rita para de falar e chora um pouco] Às vezes, no palco, eu pensava: "Espero que meus filhos tenham 10% do orgulho que hoje eu tenho da minha mãe".

CORAÇÃO A BATUCAR
ARTISTA Maria Rita
GRAVADORA Universal Music
QUANTO R$ 30, em média


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