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É Tudo Verdade

Festival traz à luz cinema de Helena Solberg

Mostra em SP e no Rio exibe oito produções de diretora que fez parte do Cinema Novo

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

A brasileira Helena Solberg, 75, dirigiu 15 filmes, fez parte da geração do Cinema Novo nos anos 1960, ganhou um Emmy, mas boa parte da sua obra nunca foi vista no país.

A partir de quarta-feira, em São Paulo, a cineasta ganha uma retrospectiva com oito de suas produções, na programação do festival de documentários É Tudo Verdade.

A seleção inclui filmes que Solberg fez no longo período em que viveu nos EUA e que não chegaram a ser exibidos no Brasil: "A Nova Mulher" (1974), de sua fase feminista, e "A Conexão Brasileira, A Luta pela Democracia" (1982), sobre a dívida externa na época do regime militar (1964-85).

"Não surpreende que seja desconhecida", diz Amir Labaki, organizador do festival. "Com filmes sobre esses temas, era impossível que fossem exibidos no Brasil na época da ditadura militar."

Amanhã também será lançado um livro que analisa sua obra, "Helena Solberg: do Cinema Novo ao Documentário Contemporâneo" (É Tudo Verdade/Imprensa Oficial, R$ 30, 248 págs.), da pesquisadora Mariana Tavares.

Solberg iniciou a carreira "casualmente", como conta. Cursando línguas neolatinas na PUC-RJ no fim dos anos 1950, topou com os contemporâneos Cacá Diegues e Arnaldo Jabor, que já faziam filmes. "Eles me interessavam, queria chegar perto deles", diz.

Foi assistente de Paulo César Saraceni. "Eu perdia a claquete. Ele brincava que eu era a pior continuísta do Brasil."

O primeiro curta veio em 1966, editado por Rogério Sganzerla. "A Entrevista", que também integra a mostra, traz depoimentos de mulheres sobre submissão ao marido e virgindade enquanto exibe uma moça se vestindo de noiva.

"É sobre a minha formação burguesa: as perguntas que eu fazia àquelas mulheres eram perguntas que fazia a mim mesma", afirma.

Partindo para os EUA na década de 1970, ela passa a produzir documentários para a televisão pública americana.

"Teve orçamento e liberdade criativa que eram impossíveis no Brasil", diz Tavares. "Das Cinzas... Nicarágua Hoje" (1982), sobre a Revolução Sandinista vista sob o olhar de uma família, levou o Emmy.

Nos anos 1990, ainda antes de voltar ao Brasil, lançou seu documentário mais conhecido, "Carmen Miranda: Bananas Is My Business" (1995).

Na década seguinte, aventurou-se na ficção com "Vida de Menina" (2004).

FABULAÇÃO

"Helena não consegue deixar a câmera rolar", diz Tavares, que a contrapõe ao documentarista Eduardo Coutinho. "Ele gostava da fabulação dos entrevistados. A Helena busca que as pessoas pensem sobre os temas que ela coloca."

"O momento mais importante dos meus filmes é a montagem", resume Solberg. "É quando você descobre coisas que nem esperava quando saiu para filmar."

No próximo sábado, a cineasta participa de debate com a crítica Neusa Barbosa, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. A programação completa está no site etudoverdade.com.br


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