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Série brinca com milionários da tecnologia

Criador da animação 'Beavis and Butt-Head' agora escracha figuras do Vale do Silício

RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

O mundo da animação --e dos vídeos musicais-- não foi o mesmo desde que Mike Judge apresentou, no começo dos anos 1990, seu tosco e subversivo desenho "Beavis and Butt-Head". Com a série "Silicon Valley", ele quer fazer o mesmo, mas com o universo nerd e milionário de empresas tecnológicas como Google e Facebook, fincadas no Vale do Silício californiano.

Ali o programador Richard (Thomas Middleditch) divide seu tempo entre a empresa Hooli (referência ao Google) e a criação de um aplicativo que possibilita a busca de trechos musicais. O app parece pouco atraente, mas utiliza um algoritmo de compressão poderoso, capaz de revolucionar o setor audiovisual.

A invenção desperta a atenção do dono do Hooli, Gavin Belson (Matt Ross), um predador que esconde sua ambição por trás do slogan "para um mundo melhor", e de seu concorrente, Peter Gregory (Christopher Evan Welch, que morreu no período das gravações), um tech-filósofo. Os dois exibem traços de Steve Jobs, cofundador da Apple, morto em 2011.

"Não houve uma inspiração específica para compor os personagens", desconversa Judge em entrevista à Folha. "Há duas categorias de personalidades no Vale do Silício: o empresário alfa e o executivo idealista. Todo mundo usa a tecnologia que essas pessoas criam, mas ninguém as conhece."

Judge fala com a convicção de quem passou dois anos nessa indústria no fim dos anos 1980. "Naquela época, era diferente, porque eram empresas de equipamentos e seus criadores não viravam celebridades como Bill Gates ou Mark Zuckerberg", recorda-se o roteirista, que é formado em física e trabalhou como programador em uma empresa de placas de vídeo.

O realismo é o grande trunfo da primeira temporada, que terá oito episódios. Judge e os roteiristas John Altschuler e Dave Krinsky (ambos de "O Rei do Pedaço", outro desenho de Judge) entrevistaram CEOs de start-ups, investidores, funcionários de empresas e especialistas da Universidade de Stanford.

O primeiro capítulo traz um show de Kid Rock no fundo do quintal de um magnata geek e ricaços considerados gênios, mas retratados como idiotas. "É interessante que essas pessoas no Vale do Silício possuam bilhões, mas sejam socialmente inaptas", afirma o ácido Judge.

A revista "The Hollywood Reporter" diz que a série "tem material para atrair uma grande audiência". O jornal "San Francisco Chronicle" acha que é "a melhor série sobre tecnologia já feita".

"Nos preocupamos com detalhes. Quem trabalha com tecnologia reconhece a verdade, apesar de não haver muito humor naquela região", brinca Judge. "Mas vamos deixar esses nerds sensuais. Assim não vão me hackear."


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