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Sensação de festivais, longa paraguaio estreia hoje no Brasil

'7 Caixas' retrata a pobreza urbana, a influência da TV e a sociedade mestiça, 'temas de toda a América Latina', segundo a diretora

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

Quando o sol se levanta em Assunção, os trabalhadores do Mercado 4 já estão agitados. Açougueiros, vendedores de frutas, verduras e quinquilharias eletrônicas se espalham pelas ruelas que ocupam oito quarteirões no centro da capital paraguaia.

Este é o cenário de "7 Caixas", longa que foi sensação de festivais em 2013. Ganhou prêmios em Miami e San Sebastián, além de ser finalista no Goya, principal prêmio do cinema hispânico. Chega hoje aos cinemas do Brasil.

"O mercado é um retrato da sociedade paraguaia, onde convivem os ricos donos de negócios e meninos que ganham cinco dólares por dia", conta à Folha a codiretora do filme, Tana Schembori.

Um desses garotos é Victor, adolescente de 17 anos que ganha a vida fazendo entregas com um tosco carrinho de madeira. O ano é 2005, quando os celulares começaram a se popularizar no Paraguai. Victor deseja um, assim como fica fascinado com as televisões que vê no mercado.

Quando um desconhecido lhe oferece US$ 100 por uma entrega, ele nem desconfia de que pode se tratar de uma encrenca e aceita. Sua missão é entregar sete caixas com um conteúdo misterioso.

"Iniciamos um trabalho de investigação sobre os trabalhadores da noite de Assunção nos anos 1990. O curioso é que sempre nos pareceu ser uma trama e uma ambientação muito paraguaias. E, agora, vemos que há uma identificação com públicos estrangeiros." De fato, será improvável que espectadores brasileiros não vejam no Mercado 4 um pouco do comércio de rua de cidades como São Paulo, Rio ou Salvador.

"A pobreza urbana, a influência da TV, a sociedade mestiça são temas de toda a América Latina."

No Mercado 4 fala-se espanhol, mas também guarani, há empresários coreanos que tratam mal os empregados, mulatos pobres paraguaios. Há também policiais corruptos e ladrões. Por meio de Victor, é contada também uma história sobre sonhos juvenis que surgem em países latino-americanos cujas economias vêm melhorando, mas cuja distribuição de riqueza ainda é muito injusta e desigual.

"Isso se reflete, também, na nossa dificuldade de fazer cinema. Não há no Paraguai leis de incentivo como as do Brasil e da Argentina, que por mais que tenham problemas, fomentam uma indústria. Mas o sucesso de 7 Caixas' fez as pessoas olharem um pouco para o Paraguai. Há razão para algum otimismo."


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