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Livraria mais antiga sonha com a ajuda de Eike Batista

DO ENVIADO A CAMPOS

Eike Batista é a esperança de futuro para a livraria mais antiga em atividade no Brasil. Quem aposta, ou sonha com a possibilidade, é o dono da "Ao Livro Verde", a loja fundada em 1844 em Campos, norte fluminense, e que fez 167 anos neste 2011.

O raciocínio do atual proprietário, Ronaldo Sobral, 64, é simples: o bilionário carioca, homem mais rico do país, lidera o projeto do porto de Açu, complexo que está sendo erguido em São João da Barra, a 30 km da cidade hoje chamada Campos dos Goytacazes.

"Eu tinha vontade que o Eike Batista soubesse disso [do valor histórico da livraria]. Porque o porto traz coisa ruim, mas pode também trazer coisa boa", ele diz.

Sobral afirma que o negócio ainda lhe traz algum retorno financeiro, mas que não tem condições de investir num plano de preservação.

São poucas as informações sobre a história do lugar: placas antigas na fachada e, nas paredes, algumas molduras com fotos e reportagens.

Misturados a desatinos contemporâneos, como arquivos de ferro e esquadrias de alumínio, há vestígios de antigamente, como balcões de madeira e mostruários de cristal.

Conforme noticiou na época da fundação o jornal "O Monitor Campista", a "Ao Livro Verde" vendia no início, entre um mundo de produtos, "novellas, historias e romances", "perfumarias, miudesas" e até "o verdadeiro rapé Bernardes".

Na região que produzia café e açúcar, um porto em São João da Barra, na foz do rio Paraíba do Sul, garantia o escoamento dos produtos e permitiu que o português José Vaz Correia Coimbra abrisse um comércio daquele porte.

Os moradores de Campos gabam-se que foi a primeira cidade da América do Sul a ter luz elétrica.

A família Sobral assumiu o negócio nos anos 1930.

Ronaldo entrou com o irmão em 1960.

Hoje o sortimento é menor. Material escolar, de papelaria e informática representam, segundo o dono, de 60% a 70% do faturamento.

A seção de livros não escolares ocupa espaço acanhado. "O hábito de leitura quase não existe no Brasil, principalmente no interior. Se sugiro um livro de presente a um cliente, o cara diz: 'Mas livro? Vai pegar mal'", conta.

"Nesse sentido" analisa ele, "Harry Potter foi importantíssimo". Literatura infantojuvenil é a que tem mais saída na loja.

Sobral até chegou a promover oficinas de poesia na loja. "Mas o poeta morreu. E ele era insubstituível."

O comerciante afirma que em breve estará funcionando sua loja virtual, no endereço www.aolivroverde.com.br. Num sinal da dificuldade de adaptação aos novos tempo, há mais de um ano ele dizia a mesma coisa. No endereço, permanece a mensagem: "Site em processo de atualização. Aguarde...".

(FV)

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