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Crítica Turismo Eros Grau faz relato apaixonado sobre o bairro parisiense Saint-Germain-des-Prés DANUZA LEÃOCOLUNISTA DA FOLHA O ministro Eros Grau -perdão, o poeta Eros Grau- escreveu um livro delicioso sobre Saint-Germain-des-Prés que, segundo ele, é uma pequena vila dentro de Paris. E tem razão: a cidade é constituída de pequenas vilas (quartiers). A de seu coração é Saint-Germain. Tomo a liberdade de passar a chamar o autor de Eros, com o direito que me confere ser também apaixonada pelo bairro; sou praticamente uma germanopratine, palavra que, aprendi no livro, designa os cidadãos do quartier. O livro é uma pequena joia que fala não somente sobre os dias atuais como de sua história, com a autoridade do flâneur que conhece cada rua, cada café, com um amor apaixonado. São tantas as pequenas passagens do cotidiano que é praticamente um diário no qual o autor conta, com memória detalhista, sua relação com pessoas também de Saint-Germain, sejam elas garçons de café, clochards, livreiros, jornaleiros e até mesmo alguns de quem Eros se considera amigo de tanto vê-los no bairro. No livro "Paris - Quartier Saint Germain-des-Prés", o autor discorre, com a maior intimidade, sobre personagens do bairro -atrizes, escritores, princesas, reis, rainhas- e sobre a própria história da França, contando casos verdadeiros e deliciosos, como se tivessem acontecido na véspera, tal seu conhecimento, tal sua cultura. Conhecendo tão bem Paris, Eros adquiriu algumas implicâncias típicas dos franceses: deixou de frequentar a Brasserie Lipp durante dez anos por ter sido preterido quando esperava uma mesa, e despreza o Procope e a Coupole, que considera locais para turistas. Ele não frequenta o Deux Magots, e sim o Flore; os dois cafés ficam a 15 metros um do outro e são praticamente iguais, mas a preferência por um ou por outro define uma pessoa: ela é Flore, ou Deux Magots, e é do Flore que se vê o mundo passar. É verdade que cada pessoa tem seu Saint-Germain pessoal e intransferível; em muitas coisas, me identifiquei com o de Eros Grau. Lendo seu livro, aprendi muitas coisas que não sabia, mas que vou procurar conhecer em uma próxima viagem. E adoraria muito se um dia -no Flore, claro- pudesse trocar figurinhas com o casal, Eros e sua mulher, Tania, por quem ele demonstra um amor imenso, para falar de lugares e restaurantes do meu Saint-Germain. Como bem diz o autor, nada importa, a não ser fazer parte da eternidade de Saint-Germain-des-Prés. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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