Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Magia e Tchaikovsky fazem a fama de balé

Tradicional no Natal, 'O Quebra-Nozes', inspirado em conto de E.T.A. Hoffman, é a peça mais montada no mundo

No Brasil, Municipal do Rio de Janeiro e Cisne Negro apresentam anualmente grandes produções da obra

JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO

Desde o início do século 20, o balé "O Quebra-Nozes" -a história dançada de um boneco de quebrar nozes que se torna um príncipe- lota teatros em todo o mundo nesta época do ano.

Cada companhia faz sua adaptação do conto "O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos" (1816), de E.T.A. Hoffman, mas o enredo é o mesmo: a menina Clara (também chamada Marie em algumas versões) ganha um quebra-nozes do padrinho mágico, Drosselmeyer, na noite de Natal. Mas seu irmão, Fritz, estraga o brinquedo.

Drosselmeyer conserta o boneco e Clara adormece. Em sonho, o quebra-nozes se torna um príncipe que, após uma batalha contra ratos, a leva para um reino encantado em que doces, flocos de neve, flores e uma fada dançam para o casal.

A música -uma das obras-primas de Tchaikovsky- é uma das razões do sucesso do espetáculo.

O coreógrafo Marius Petipa deu início à montagem do espetáculo, mas adoeceu e encarregou Lev Ivanov de finalizar a coreografia.

A peça estreou em 1892 com o Balé Imperial da Rússia, no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo. "É um balé muito popular, talvez o que tenha a maior quantidade de montagens e de coreógrafos. E cada um tenta montá-lo do seu jeito", explica a crítica de balé russa Anna Galaida.

"É uma tradição de Natal. Mas a história desperta o interesse dos espectadores em qualquer época do ano", afirmou à Folha o diretor do Teatro Mariinsky, Iuri Fateev.

Além da versão russa, "O Quebra-Nozes" do coreógrafo George Balanchine para o New York City Ballet também é mundialmente famoso.

"Apesar de ter tomado certas liberdades, Balanchine se manteve muitíssimo fiel à versão original do século 19, combinando estilos", afirmou a diretoria do NYCB. A companhia encena a peça 45 vezes por ano e tem no cenário uma árvore de uma tonelada e 41 metros de altura.

no brasil

A versão brasileira mais tradicional é a da coreógrafa Dalal Achcar. É dela a montagem apresentada até hoje, e que está em cartaz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (leia ao lado).

"Em 1981 me convidaram para dirigir o Municipal e montar 'O Quebra-Nozes'. Nos anos 90, a revista 'Newsweek' fez uma pesquisa com 1.000 montagens e considerou a nossa como a melhor e mais completa."

Ela explica que, em sua versão, o primeiro ato é mais teatral. "A diferença entre as versões está principalmente na primeira parte, quando é possível interpretar a festa de Natal e a batalha dos ratos de maneira mais livre. O segundo ato é coreográfico e varia pouco."

Ana Botafogo, que está comemorando 35 anos de carreira, dança o balé há mais de 30 anos e diz que não enjoa. "A Fada é uma personagem que toda bailarina pode colocar um quê pessoal."

Já em São Paulo, quem mantém a tradição há 28 anos é a Cia. Cisne Negro, com a coreografia de Hulda Bittencourt. "'O Quebra-Nozes' permite brincar com o imaginário. É romântico, lírico, infantil, mas ao mesmo tempo não é só para crianças. Todo ano o público se emociona."

A enóloga Flávia Saldanha Correa, 42, que foi ver a montagem da Cia. Cisne Negro com o marido e dois filhos, confirma o encantamento: "Já conhecíamos a história, mas nunca tínhamos visto sua encenação. Ficamos maravilhados."

Colaborou MARINA DARMAROS, de Moscou

Veja fotos das montagens do balé
folha.com/no1025341

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.