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Quem matou a telenovela brasileira? Dramas da Turquia conquistam o mundo árabe e roubam o espaço de programas do Brasil
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE ISTAMBUL (TURQUIA) "Não é brinquedo não!", diz em bom português a marroquina Zeinep Kaleli, 27, ao saber que a entrevista que estava concedendo sairia num jornal brasileiro. Ela nunca fez aula da língua -a não ser aquelas com metodologia de ensino Dona Jura, personagem que tocava um boteco na novela "O Clone", que foi ao ar na Globo no começo da década de 2000 e depois tomou o mundo, passando pelo Marrocos em 2005 e por uma trintena de países. Mas o português de Zeinep enferrujou desde que, há quatro anos, trocou as novelas brasileiras por outras, produzidas num país mais próximo: a Turquia. Não foi só ela. Dos 22 países do Oriente Médio e do norte da África, 21 exibem nesta noite um folhetim turco, enquanto só quatro televisionam produções brasileiras. Há dez anos, eram 12 nações mostrando "O Rei do Gado", "Escrava Isaura" e folhetins exportados de nossa grade televisiva. Os números são de levantamentos feitos a pedido da Folha pelos institutos Mediamétrie e Memri. Essa conquista de território televisivo começou há cinco anos, com "Ask-i Memnu" (amor proibido). A novela explodiu por acaso. "Produzimos esse drama só para o mercado nacional, até porque turco e árabe são duas línguas completamente diferentes e não sabíamos se países mais religiosos aceitariam o roteiro", diz o produtor Kerim Turna. Mas um executivo de TV libanês em visita à Turquia se apaixonou pelos atores ("muçulmanos, mas moderninhos", explica Turna) e decidiu bancar o risco. Comprou cada capítulo da novela por US$ 100 e os lançou no seu país, depois de fazer dublagem na Síria -onde ganham a voz árabe. Ao cabo de um ano, 21 países da região estavam envolvidos no enredo estrambólico, em que o filho adotivo se apaixona pela esposa do pai, que no final se mata porque o divórcio não é uma opção. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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