Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Danças de Cunningham seguem nos palcos

Coreógrafo previu um acervo digitalizado de sua obra e auxílio financeiros aos dançarinos de sua companhia

No próximo ano, começa o licenciamento dos espetáculos para outras companhias, diz o diretor-executivo

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NY

Trevor Carlson, diretor-executivo da Merce Cunningham Dance Company, cita Martha Graham para explicar o pioneirismo de Cunningham (1919-2009).

Em 1926, a coreógrafa fundou a sua companhia, hoje a mais antiga em funcionamento nos Estados Unidos. "Após Martha morrer, em 1991, o seu grupo aceitou dançar obras de outros coreógrafos."

Cunningham, ao contrário, decidiu que sua companhia deveria encerrar as atividades no próximo dia 31 de dezembro, dois anos após sua morte. "É preciso, porém, deixar claro: não é o fim das coreografias de Cunningham", diz Carlson. "Há pelo menos 40 anos, outros grupos vêm apresentando as suas criações. O seu repertório continuará nos palcos."

Cunningham previu duas medidas para a preservação de sua obra: a criação de "cápsulas de dança" e auxílio financeiro aos dançarinos.

As cápsulas são arquivos digitalizados que reúnem vídeos das coreografias e anotações do coreógrafo. Amante da tecnologia, Cunningham usou o programa de computador Life Forms para criar sua arte nos anos 1990. Também adotou a técnica de captação de movimentos na peça "Biped" (1999).

Segundo Carlson, no próximo ano começa o licenciamento dos espetáculos para outras companhias. A decisão sobre direitos autorais se concentra no Merce Cunningham Trust, fundado em 2000, cuja sede será transferida para o New York City Center, onde haverá aulas sobre a técnica de Cunningham.

"Existe um compromisso financeiro para apoiar a transição dos dançarinos. Garantimos a eles salários por até quatro anos", diz Carlson. "Cada um é livre para decidir o que vai fazer."

Carlson enfatizou a oferta de planos de saúde para os 15 dançarinos, sempre sujeitos a contusões. "Tratamento médico nos EUA é caríssimo. Deixar um dançarino arcar com isso se tornaria um fardo."

DESPEDIDA

Às vésperas das performances no Park Avenue Armory, a atmosfera na companhia não é de desolação.

"Estamos orgulhosos apenas." Criado para o galpão de 5.000 m² do Armory, "Events" terá seis apresentações, de 45 minutos cada uma, entre os dias 29 e 31 deste mês.

Trata-se de uma colagem de outras coreografias de Cunningham organizada por Robert Swinston para ocupar simultaneamente três palcos. A cargo de Daniel Arsham, o cenário vai exibir fotos de nuvens reproduzidas em larga escala e tiradas pela janela do avião, enquanto a companhia viajava.

Compostas por Takehisa Kosugi, David Behrman, John King e Christian Wolff, as músicas de "Events" serão executadas em sequências diferentes a cada performance. A pedido de Cunningham, os ingressos custam US$ 10 (cerca de R$ 18).

(FRANCISCO QUINTEIRO PIRES)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.