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Cia. cultivou parceiros como John Cage e Radiohead

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NY

Dançar com Merce Cunningham, conta Patricia Lent, era uma experiência "estranha". "Havia silêncio no estúdio. Dançávamos sem música, figurino e cenário. Ele mostrava um conjunto de movimentos e, de repente, parava o cronômetro: era só o tempo de percebermos fisicamente a sua proposta."

Dançarina da companhia entre 1984 e 2003, Patricia é diretora de licenciamento do repertório, composto por mais de 200 coreografias. "Ele decidia ao acaso quais frases seriam simultâneas e quais sucederiam umas as outras", diz. "No começo, tudo parecia arbitrário. Depois, surgia um senso de coerência, em que a sorte era a responsável por criar

e resolver os problemas impostos pela criação."

AUTONOMIA

Merce Cunningham liberou a dança da sua tradicional dependência da música.

Também deu autonomia à produção de figurino e cenário. Assim, influenciou o trabalho dos coreógrafos Paul Taylor, Viola Farber, Karole Armitage, Twyla Tharp e Mark Morris.

Os elementos do espetáculo se encontravam somente às vésperas da apresentação. "Ninguém sabia o que o outro estava fazendo até ser tarde demais. Isso é doloroso, mas estimulante", disse Robert Rauschenberg (1925-2008), pintor, escultor e ex-diretor artístico da companhia.

Esse processo se estabeleceu com "Suite by Chance" (1953), um dos frutos da parceria -que durou meio século- com o compositor John Cage (1912-1992). Cunningham adotou o acaso por influência de Cage, apreciador do livro chinês "I Ching".

Autor de "Merce Cunningham, The Modernizing of Modern Dance" (2004), Roger Copeland defende a importância da colaboração para a arte do coreógrafo. "Havia uma sensibilidade compartilhada", escreve.

Além de Cage e Rauschenberg, Cunningham teve como principais colaboradores o músico David Tudor (1926-1996) e o artista Jasper Johns. Na década passada, trabalhou com as bandas Radiohead e Sonic Youth.

Dançarino da companhia de Martha Graham entre 1939 e 1945, ele se afastou da técnica primitivista da coreógrafa. Para Cunningham, a dança não representava nada além de si mesma. "O seu legado é o da liberdade curiosa em relação aos movimentos variados do corpo", diz Trevor Carlson, diretor-executivo da companhia.

(FQP)

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