Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fotógrafo que ficou cego em protesto exibe obras em SP

Sérgio Silva abre mostra um ano após ter sido atingido por bala de borracha

Na exposição 'Piratas Urbanos', 75 registros de artistas, políticos e militantes questionam violência policial

GIULIANA VALLONE DE SÃO PAULO

No dia 13 de junho de 2013, o fotógrafo Sérgio Silva, 32, ficou cego após ser atingido por uma bala de borracha no olho esquerdo durante uma manifestação.

Agora, um ano depois, ele lança a exposição "Piratas Urbanos", em que retrata amigos, militantes, políticos e artistas usando um tapa-olho em referência à lesão.

"Inaugurar a exposição na data exata em que fui ferido acabou transformando o dia 13 de junho para mim. Agora, ele não representa só uma tragédia", afirma.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o fotógrafo Sebastião Salgado e o músico André Abujamra estão entre os retratados por Silva.

Ele começou a fotografar amigos usando o tapa-olho como forma de extravasar a vontade que tinha de protestar contra a violência que sofreu. Com a divulgação dos retratos nas redes sociais, outras pessoas pediram para participar da série.

Hoje, os retratos expostos na sede da ONG Coletivo Digital, em São Paulo, são 75.

"Houve uma troca entre as pessoas que se dispuseram a ficar em frente à câmera. Elas experimentaram a sensação de não enxergar de um olho, como eu. Isso faz com que todos os retratos sejam especiais, independente do grau de proximidade com o fotografado", afirma.

Desde que sofreu a agressão, o fotógrafo se tornou ativista do movimento contra o uso de armas não letais em manifestações.

No início deste ano, entregou ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, uma cópia das mais de 45 mil assinaturas reunidas em petição criada por ele na internet para pedir o fim do uso de bombas de efeito moral e balas de borracha.

"Desde que sofri a agressão, a repressão continua. Vítimas e mais vítimas vêm surgindo. Me cegaram, machucaram um monte de gente e não houve nenhum estado de consciência do Estado",diz.

Embora a exposição seja totalmente voltada à violência policial contra manifestantes, Silva afirma que as fotos se relacionam também com a forma com que a Polícia Militar atua no país. "A PM é violenta na manifestação como é na periferia."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página