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Crítica - Romance

Volume com oito histórias alcança resultado artificial

Em livro de Luiz Ruffato, estrangeiros contam seus momentos sofridos

DO PONTO DE VISTA DO RENDIMENTO NARRATIVO, AS PRIMEIRAS TRÊS HISTÓRIAS SE DESTACAM, AO DAR O TEMPO ADEQUADO PARA PROTAGONISTAS

ADRIANO SCHWARTZ ESPECIAL PARA A FOLHA

Oito histórias compõem o núcleo de "Flores Artificiais", de Luiz Ruffato. Em quase todas, estrangeiros em terras estrangeiras contam para o narrador da obra, o engenheiro brasileiro Dório Finetto, pedaços de suas histórias desencontradas, de seus momentos decisivos sofridos ou fracassados, de suas buscas por um sentido qualquer.

Como diz um personagem em uma frase que sintetiza quase de modo calculado demais a ideia recorrente do texto: "Angustiado, sabia que nunca mais teria coragem de voltar à Argentina, país que amava mas ao qual não me sentia pertencer. Aliás, essa, minha questão, não consigo estar à vontade em lugar algum, o desconforto parece ser minha condição de existir".

Do ponto de vista do rendimento narrativo, as primeiras três histórias se destacam, ao dar o tempo adequado para que seus protagonistas revelem as misérias de suas solidões particulares a esse narrador, tão hábil em recriá-las em contraponto ao seu próprio isolamento.

Outras quatro me parecem um pouco menos felizes, como se fossem concebidas para preencher uma fórmula interessante, ainda que possuam bons momentos; e há, por fim, uma última história, "Susana", que destoa do conjunto ao fazer uso do choque simplista da "moça bonita" maltratada por um "mundo feio".

Se as oito histórias compõem o centro do volume, elas estão envelopadas por uma apresentação do "autor-personagem" Luiz Ruffato e uma carta do narrador, no início, e por um "memorial descritivo", ao final.

Nesses textos, ficamos conhecendo detalhes da biografia do engenheiro e das razões de existência das tais histórias.

Não tenho certeza se eles se justificam por uma necessidade real, constitutiva, da ficção proposta ou para dar conta dessa quase obsessão contemporânea pelo aparecimento do "eu", do nome do autor, no texto.

Ela é às vezes incontornável e fundamental, às vezes resulta, no limite, "artificial".


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