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Mônica Salmaso grava canções de parceiros rompidos

Cantora canta Guinga e Paulo César Pinheiro, brigados há duas décadas

Disco 'Corpo de Baile' tem seis músicas inéditas em ritmos em desuso como valsas, ranchos e modinhas

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

"Corpo de Baile", novo CD de Mônica Salmaso, é um projeto que ela acalenta há dez anos. Mas pode-se dizer que ele tem 40.

O disco é formado apenas por músicas compostas por Guinga e Paulo César Pinheiro, que foram parceiros nos anos 1970 e 1980.

A cantora descobriu a obra da dupla na década de 1990 ao sair em "estado de encantamento" de um show de Guinga.

De lá para cá, gravou duas, "Senhorinha" e "O Saci", e ficou cultivando a ideia de um trabalho como o atual, realizado com quarteto de cordas e diversos arranjadores, um requinte que culmina em muita beleza e, provavelmente, pouco retorno comercial.

"É um disco corajoso, audacioso, fora do seu tempo", assinala Pinheiro. "As pessoas costumam ouvir essas músicas e dizer que são bonitas, mas, na hora de gravar, preferem outras coisas mais comerciais."

"A obra dos dois fala de um Brasil de tempos atrás, mas, ao mesmo tempo, aponta para frente", diz Mônica.

Ela se refere a melodias como valsas, ranchos e modinhas, hoje em desuso. E a letras marcadas por referências culturais, rurais e até religiosas que ficaram esquecidas pelo Brasil urbano e economicista. Mas a qualidade soa atemporal.

*BRI*GAS

A cantora ainda precisou superar outra dificuldade. Os músicos estão rompidos há de mais de 20 anos, desde que o Guinga, numa entrevista ao "Jornal do Brasil", afirmou que Pinheiro não acreditava em suas composições e as achava herméticas.

"Essas músicas estavam esquecidas. O parceiro perdeu o interesse nelas. Eu guardei tudo, pois acho que música é coisa séria, não se joga fora. Sabia que um dia seriam significativas", diz Pinheiro, que não pronuncia o nome de Guinga. "[A relação] não tem mais volta, mas o que importa é a música. O resto é passageiro."

Guinga diz que se emocionou muito com o CD, por remetê-lo a momentos e pessoas marcantes, como sua avó, que ele sente pairar sobre a canção "Corpo de Baile".

"São músicas que eu fiz muito jovem, achei que só seriam descobertas depois da minha morte. Mônica é uma idealista", diz ele.

"Esse disco vem redimir desavenças que aconteceram ao longo da vida. Tenho a maior admiração pelo Paulinho. E a música é mais importante do que tudo."

Mônica, que diz ter sido "a Suíça, território neutro", pediu muita ajuda aos dois, mas não os levou para as gravações e abriu mão de, por exemplo, ter o marcante violão de Guinga no projeto.

"Preferi ter liberdade para ser autora do trabalho. Queria que ele correspondesse às expectativas dos dois, mas que fosse meu", explica ela.

Das 14 faixas do álbum, seis são inéditas e a maioria é desconhecida.

Uma exceção é "Bolero de Satã", que Elis Regina interpretou em 1979 em duo com Cauby Peixoto. E há outras cultuadas pelos fãs dos dois compositores, como "Porto de Araújo", "Noturna" e "Nonsense".


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