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Crítica
Novo filme de Woody Allen é repetição de temas enfeitada por trajes de época
A. O. SCOTT DO "NEW YORK TIMES""Magia ao Luar", o novo filme de Woody Allen, com estreia prevista para 28 de agosto, propõe um debate familiar a todos que viram mais que um de seus trabalhos.
De um lado, está a crença em algo que não se pode ver, uma força metafísica que governa o universo; do outro, a certeza, compartilhada pelo diretor, de que isso não existe.
Não por acaso --e nem pela primeira vez na obra de Allen-- as posições opostas são defendidas por um azedo intelectual de meia-idade e uma mulher mais jovem e relativamente inculta.
Se a ideia de um universo de caos despropositado parece assustadora, a realidade de 98 minutos de ordem despropositada é ainda pior.
Allen teve seus altos e baixos ao longo dos anos. Mas raramente levou à tela uma história que manifeste tão pouca energia e curiosidade.
"Magia ao Luar" é uma repetição laboriosa de temas e tramas, conduzida por atores em trajes de época.
Estamos em algum momento entre as duas grandes guerras, em uma fantasiosa Europa de lazer e finesse.
Stanley, um mágico que trabalha sob o nome de Wei Ling Soo (Colin Firth, dedicado mas soturno), é convocado à Riviera francesa para expor uma fraude.
O alvo é Sophie (Emma Stone), uma bonita e pobre clarividente americana que deslumbrou uma família rica com seus supostos dons.
Stanley trava uma guerra ranzinza e amarga contra a credibilidade da vidente, mas termina encantado por seu charme juvenil e persuadido por suas alegações de poderes paranormais.
Não existe química perceptível entre Firth e Stone. Allen muitas vezes realizou bem mais com muito menos.
Um dos números de magia de Wei Ling Soo é fazer um elefante desaparecer, e o filme é tedioso a ponto de, assim que o espectador se cansa de admirar o figurino, começar a pensar sobre os demais elefantes na sala.
Como os fãs de Wei Ling Soo, os de Allen (talvez para nossa vergonha) querem ser iludidos e ter a atenção desviada das verdades desconfortáveis.
Quando o truque fracassa, não conseguimos evitar a sensação de que nosso tempo foi desperdiçado, nossa atenção foi desrespeitada e nossa boa fé foi insultada.