Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Mostra passeia por 200 anos de design gráfico no Brasil

Túnel do tempo foi montado com 141 peças no Sesc Pompeia, em São Paulo

Cartazes históricos de exposições de arte, filmes e peças estão em paredes sem vidro, em sua escala original

MARA GAMA COLUNISTA DA FOLHA

Em poucos minutos, dá para atravessar 200 anos. O passeio é rápido, enche os olhos e diverte.

Quem quiser se aprofundar, pode caminhar lentamente e ir descobrindo ao vivo os detalhes de impressão, desenho, tipografia, papéis, formatos, texturas, cores e acabamento presentes nos exemplares originais de capas de discos, livros e revistas.

Também pode experimentar o impacto de ver pela primeira vez em escala original cartazes históricos de filmes, exposições e peças.

Breves textos acompanham cada peça e são chaves de leitura para compreender a evolução gráfica do país nos séculos 19 e 20.

O "Túnel do tempo do design gráfico no Brasil" é uma mostra concisa e didática. Ela é uma seleção de 141 peças representativas do livro "Linha do Tempo do Design Gráfico no Brasil", que apresenta 1.600 projetos, lançado há dois anos pelos autores e também curadores da exposição atual, os designers Chico Homem de Melo e Elaine Ramos.

O livro já está na segunda impressão, tendo vendido 7 mil exemplares na primeira --uma façanha no mercado editorial brasileiro para um título de design e um volume que custa mais de R$ 200.

"Apesar de ser bem menor que o livro, a mostra tem uma espessura diferente, uma nova camada de informação. Os originais trazem a linguagem na sua inteireza e na sua concretude", diz Homem de Melo.

De um lado do "túnel" estão vitrines inclinadas com os livros, revistas e discos do século 20 e raridades como um Decreto do Príncipe Regente, de 1808, a série de selos postais Olho de Boi, de 1843, e as cédulas monetárias Troco do Cobre, assinadas uma a uma pela autoridade monetária da Província do Ceará, em 1833.

Da primeira metade dos anos 1900, destacam-se por exemplo a revista "O Malho", com capa de Di Cavalcanti e o livro "Laranja da China", de António de Alcântara Machado. Dos anos 1950, a mostra traz exemplares da revista "Habitat" (dirigida por Lina Bo Bardi) e da "Módulo", criada por Oscar Niemeyer.

"A exposição é intimista", diz Homem de Melo. "Desenhei a vitrine para que o público possa sentir os originais quase em suas mãos".

Em paredes sem vidros estão os fac-símiles de 30 cartazes de filmes, peças teatrais e exposições, entre eles o da primeira Bienal de São Paulo.

"O cartaz não tem a dimensão tátil da revista. Na vida real você não o manuseia. Nele, o mais importante é a escala original. E isso surpreende. Eu mesmo nunca tinha visto mais da metade desses cartazes no tamanho deles. Só conhecia por reproduções em livros", comenta o curador.

Homem de Melo imagina que a mostra pode provocar a reflexão sobre o que chama de hipertrofia gráfica atual. "Com o uso generalizado do computador, você vê na tela e acha que está vendo tudo. Cada vez mais o projeto começa e termina na tela. O que é um perigo. O design gráfico não é redutível à imagem, ele existe no mundo material", analisa.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página