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Quem disse que jovem não lê?

Na trilha aberta pela série 'Harry Potter', sagas atraem adolescentes com suas longas histórias fantásticas vividas por protagonistas com a mesma idade que os seus milhões de leitores

DA EDITORIA DE TREINAMENTO

Os céticos sobre o futuro da literatura precisam dar uma passada na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que termina no próximo domingo, dia 31.

Milhares de pessoas --150 mil no primeiro fim de semana-- visitaram o Pavilhão de Exposições do Anhembi, grande parte adolescentes gritando em coro por duas autoras de best-sellers: Cassandra Clare ("Os Instrumentos Mortais") e Kiera Cass ("A Seleção").

Uma multidão digna de shows de rock, com direito a corre-corre e pais aflitos brigando com seguranças, formou-se para ver de perto as escritoras de sagas que seduziram uma geração que, para muitos, estava perdida para a internet.

Thays Regina, 19, chegou 24 horas antes da abertura dos portões para garantir uma senha para autógrafos. Bibiana Rodrigues, 13, levou um mês para convencer os pais a trazê-la de Torres, no Rio Grande do Sul, a 948 km.

A demanda surpreendeu a própria organização da Bienal, que não conseguiu evitar um certo tumulto.

PAPEL PRINCIPAL

Cassandra Clare, 41, que nasceu Judith Rumelt e já vendeu 26 milhões de livros no mundo (900 mil no Brasil), atribui o crescente sucesso das sagas ao papel central que os personagens adolescentes têm nas histórias.

"Esses livros mergulham os jovens em tramas nas quais eles são completamente livres e independentes. É uma forma de lerem fantasias sobre eles mesmos", diz a escritora, que autografou 2.300 livros só no final de semana.

Há 15 semanas em uma das listas de mais vendidos do "New York Times", Kiera Cass, 33, tem explicação semelhante para o próprio sucesso. "Adolescentes gostam de ouvir vozes que se pareçam com as deles, mesmo que sejam de personagens vivendo aventuras muito diferentes. Eles estão descobrindo quem são, o que querem fazer da vida, estão se apaixonando pela primeira vez. É reconfortante ler sobre essas experiências", afirma.

Pode ser reconfortante, mas requer fôlego. "Instrumentos Mortais", a história dos caçadores de sombras encarregados de exterminar demônios, desenrola-se por 2.660 páginas, distribuídas em seis volumes. A protagonista é Clary Fray, uma adolescente de 15 anos que descobre um lado do mundo povoado por bruxos, lobisomens, fadas e vampiros.

"A Seleção", em três livros, passa-se em um reino dividido em castas sociais, no qual America, de origem humilde, é convocada para participar de concurso que escolherá quem vai se casar com o príncipe Maxon. Ela é apaixonada pelo namorado pobretão, mas, à medida que vai conhecendo o príncipe, passa a ter dúvidas.

As duas sagas, assim como "Jogos Vorazes" e "Divergente", trilham um caminho aberto por "Harry Potter", mas com a ação centrada em mulheres jovens, belas e corajosas. Quase todas essas aventuras abusam dos elementos fantásticos, se desenrolam em cenários distópicos e não têm pena de seus leitores ao matar personagens muito queridos.

A grande dúvida é se essa sede por sagas vai desaguar no consumo de literatura adulta de qualidade. "Recebo muitas cartas de gente dizendo que não gostava de ler até comprar meus livros. Espero que esses jovens continuem lendo", diz Cassandra.

A autora começou carreira fazendo "fanfics" (enredos desenvolvidos por fãs com personagens de seus livros favoritos) de "O Senhor dos Anéis" e de "Harry Potter".

Para os que já sonham em se tornar escritores, Kiera dá conselhos: "Leiam tudo, até coisas que vocês acham que vão odiar. Isso ajuda a escolher como querem escrever. Sonhem acordados a todo momento. E aprendam a ser durões. É difícil quando você começa a dividir seu trabalho, porque as pessoas nem sempre são gentis".


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