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Crítica - Exposição Mostra dá valor exagerado à pintura Exposição 'Os Dez Primeiros Anos', no Tomie Ohtake, não faz jus à importância do instituto 'OS DEZ PRIMEIROS ANOS' ESTÁ AQUÉM DA RELEVÂNCIA QUE O ESPAÇO OCUPOU NA CIDADE DE SP FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA A exposição "Os Dez Primeiros Anos", que comemora a primeira década do Instituto Tomie Ohtake (ITO), está muito aquém da relevância que o espaço ocupou na cidade de São Paulo. A série de mostras que analisou os últimos 40 anos da arte brasileira ou mesmo a retrospectiva da artista Louise Bourgeois, para citar alguns exemplos de exposições com profundidade e pesquisa, fincaram o ITO como local de reflexão sobre arte. O problema central de "Os Dez Primeiros Anos", com curadoria de Agnaldo Farias, Tiago Mesquita e o núcleo de pesquisa do ITO, é a supervalorização da pintura. A maioria dos 50 artistas na mostra trabalham sobre esse suporte, o que não corresponde à importância real que ela teve na década, especialmente no circuito de exposições importantes e bienais. NOMES IMPORTANTES Estão na mostra, é preciso dar crédito, Cinthia Marcelle, Alice Miceli, André Komatsu, Marcellvs L., Sara Ramo, Marcius Gallan, Nicolas Robbio e Jonathas de Andrade, artistas que ganharam não só projeção nacional mas internacional e produziram obras intensamente ligadas a questões brasileiras. Mas nenhum deles trabalha com pintura. Já outros artistas relevantes, que mereciam estar nesse time, como Renata Lucas e Marcelo Cidade, são ausências sentidas. No entanto, o impacto das obras desse grupo torna-se diminuída com tanta pintura de má qualidade na mostra, muitas delas cópias esmaecidas de tendências internacionais mercadológicas, como a Nova Escola de Leipzig, na Alemanha. É normal que galerias comerciais continuem reforçando a pintura. Seus preços costumam ser maiores, e sua saída é mais palatável para colecionadores que buscam ocupar paredes com decoração. É estranho que essa operação ocorra num espaço como o ITO. IRONIA Não deixa ainda de ser irônico que o banco Credit Suisse, patrocinador da mostra, acabe de lançar "Pintura Brasileira séc. XXI", com a maioria dos artistas na mostra. Se serve como balanço, já que a curadoria pretende "contar uma história de uma década que deixamos para trás", ela aponta apenas que apresentar a pintura como a mais importante expressão do período é uma opção conservadora e equivocada. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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