Crítica Animação

Nova produção da série 'Alvin e os Esquilos' é mais marketing que cinema

De todos os "franchises" de filmes infantis, "Alvin e os Esquilos" periga ser o mais irritante. O fato de ser um sucesso -a terceira parte estreia hoje no Brasil- diz muito sobre o nível de exigência das plateias modernas.

Para quem tem a sorte de não saber do que se trata, Alvin é um esquilinho encapetado que lidera um grupo musical com outros esquilos.

O grupo parece uma versão roedora do Black Eyed Peas, com o agravante de ter 30 centímetros de altura e possuir vozes afetadas por uma massiva inalação de gás hélio.

A turma é um microcosmo perfeito da imagem que a cultura pop faz da infância, em que os meninos são robôs acéfalos que só se acalmam quando dominam o controle remoto, e as meninas são clones da Beyoncé que têm orgulho de se comportar como periguetes.

No mundo de "Alvin e os Esquilos", qualquer conversa termina com uma frase de efeito ("Dê uma chance aos jovens, eles podem te surpreender") e todo confronto acaba em um número musical à Britney Spears.

Nesse terceiro filme da série, os esquilos se encontram em um cruzeiro a bordo de um navio de luxo, onde são atacados por seu nêmesis, um ex-chefão de gravadora que agora ganha a vida vestido de pelicano.

Conceitos antiquados do cinema, como roteiro, são inexistentes, substituídos por arremedos de ideias sugeridas pelo departamento de marketing. Não há uma cena que não tente vender algum produto ou alavancar alguma música da trilha sonora.

Em certa hora, os esquilos do filme acabam numa ilha deserta, onde encontram uma mulher misteriosa que está no local há anos, depois de um naufrágio.

Há uma série de citações, todas absolutamente sem graça, ao filme "Náufrago" (2000), com Tom Hanks.

"Alvin e os Esquilos 3" é mais um comercial de 87 minutos do que um filme. Que alguém pague para ver um comercial também diz muito sobre o atual estágio da indústria do entretenimento.