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Crítica serial

LUCIANA COELHO coelho.l@uol.com.br

'Masters of Sex' retorna com mais sedução

Série sobre pesquisadores sexuais cresce com dramas pessoais e dá a Michael Sheen chance de brilhar

Se sexo é viciante, "Masters of Sex" faz jus à premissa. A série sobre o casal de pesquisadores Bill Masters e Virginia Johnson, que existiu de fato e mudou a ideia que os americanos tinham sobre a própria sexualidade, ainda é incompreensivelmente subestimada pelo público.

A audiência é razoável (1,1 milhão de espectadores na reestreia nos EUA), mas o drama da Showtime ambientado nos anos 1960 deveria provocar mais barulho. Se a primeira temporada foi boa, a segunda merece o mesmo panteão de "Breaking Bad", "Sopranos", "True Detective", "Mad Men" e "Fargo".

A segunda leva de episódios começa de onde a última parou, com a confissão de Masters (Michael Sheen) na chuva, e a relação entre o médico e sua assistente tomando um rumo bem menos controlável e mensurável do que as pesquisas feitas pela dupla em laboratório.

Foi Lizzy Caplan, como Virginia, a indicada ao prêmio Emmy deste ano, mas, embora sua interpretação continue sublime, a temporada é de Michael Sheen, cujo personagem se desarma aos poucos.

Seu Bill Masters é contido e raivoso ao mesmo tempo, num limiar permanente entre genialidade e fraqueza. Diferentemente de um Don Draper (Jon Hamm em "Mad Men", a série com a qual é mais frequentemente comparada), Masters, ao menos na versão de Sheen, jamais seria a primeira pessoa a ser notada em uma sala cheia. É a sutileza que o torna fascinante.

A Virginia de Caplan faz-lhe o contraponto perfeito, uma daquelas pessoas a quem a língua inglesa chama de "larger than life", maior que a vida, dada a personalidade fervilhante que a levaria do palco de clubes noturnos até o departamento de medicina da Universidade Washington em St. Louis (no Missouri) e daí à vanguarda da pesquisa comportamental.

Dizem os obituaristas que eles eram assim mesmo, complementares e fricativos, e foi dessa forma que escreveram seu primeiro livro, "Human Sexual Response", e permaneceram casados de 1971 a 1993.

O que torna a segunda temporada ainda mais interessante é que ela se dedica mais à vida do médico e às pessoas ao seu redor, frequentemente usando personagens secundários para falar de questões de saúde e sexualidade.

O drama do reitor gay (Beau Bridges, fantástico) que tenta se "curar" da homossexualidade é das coisas mais tristes de acompanhar --na temporada anterior, havia sido sua mulher, uma socialite sexualmente frustrada (Allison Janney, premiada) o foco da história paralela.

Cortantes também são a história da adolescente ninfomaníaca dominada pela mãe e do bebê que nasce com características masculinas e femininas e é rejeitado pelo pai.

A série, surpreendentemente, continua a abordar tudo com leveza, sem lições de moral, pieguices nem lágrimas. Isso, em TV, vale mais do que um milhão de prêmios.


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