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Paulistano no Rio

No Rio, amizades não são fruto de compromisso

SERGIO COHN ESPECIAL PARA A FOLHA

Moro no Rio há 14 anos. Hoje digo que sou carioca por parte de filho. Mas sou um caso raro de paulista que deu certo por essas bandas.

Vi amigos, alguns bem mais preparados, fracassarem na tentativa de migrar para esse doce e terrível balneário. O motivo principal é uma profunda diferença no modo do paulista e do carioca gerirem amizades.

No Rio, amizade não é fruto de compromissos. Se você não entender isso, o resultado é uma sensação de solidão.

Quando se encontra uma pessoa querida e esta lhe fala "vou lhe ligar", está na verdade dizendo "gosto de você". "Ligo essa semana" significa "gosto muito de você". "Ligo para marcarmos um chope nesse fim de semana" é uma declaração explícita de amor.

Mas não espere o telefonema, ele não ocorrerá. As amizades no Rio acontecem nos lugares de convívio, em encontros como se fossem quase ao acaso. Hoje seria na praça São Salvador. Como já foi no Posto 9, hoje é no Arpoador.

É preciso ter a cara de pau de ir para esses lugares, sem saber ao certo quem e o que vai encontrar. Se não, você corre o perigo de virar aquele eterno adolescente infeliz, esperando ao lado do telefone um sinal daquela garota que não vai lhe retornar.


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