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Televisão

Minissérie mostra diluição do império na Inglaterra

'Economist' comparou 'Downtown Abbey' à crise de domésticas no Brasil

Distribuidoras brasileiras estão desatentas ao sucesso e produção não tem previsão de estreia aqui

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

"Mas o que é um fim de semana?", pergunta uma estupefata senhora (Maggie Smith), quando ouve o herdeiro da família dizer que arrumou trabalho na cidade e só poderá cuidar da casa no campo aos sábados e domingos.

A pergunta feita pela Duquesa de Grantham é reflexo de um choque entre dois mundos, um que conhecia sua decadência e outro que nascia, nas primeiras décadas do século 20.

"Downton Abbey", minissérie britânica que atravessou o Atlântico, levou seis Emmy no ano passado e concorre agora a quatro prêmios no Globo de Ouro, é um retrato desse período.

A diluição do Império Britânico e o mundo do pós-Guerra são contados a partir da história de uma família de aristocratas que vive na grandiosa residência de Downton Abbey, em Yorkshire.

O primeiro capítulo começa com a morte do herdeiro da propriedade no naufrágio do Titanic, em abril de 1912.

O Duque de Grantham, chefe da casa, é obrigado então a buscar um novo sucessor. Como só teve filhas mulheres, as regras aristocráticas o obrigam a recorrer a um primo distante.

O problema é que o rapaz, um advogado de Manchester, não parece muito interessado em seguir com a tradição, prefere trabalhar, o que era um escândalo para alguém de sua posição.

A trama se desenvolve em dois níveis, literalmente. No térreo e nos pisos superiores, as intrigas, amores e tragédias dos ricos. Descendo as escadas, o ambiente dos empregados, também com os mesmos elementos.

BRASIL-INGLATERRA

Aos poucos, vão se diluindo fronteiras entre os mundos de patrões e empregados. Ao descrever o mercado de empregadas domésticas no Brasil hoje, a revista inglesa "The Economist" comparou nossa atual situação com a da Inglaterra daquele tempo. "Downton Abbey" é citada como exemplo.

Na série, os empregados muitas vezes se mostram mais apegados à divisão da sociedade do que afeitos a mudanças. Ilustra-se bem o que disse George Orwell (1903-1950), no ensaio "Inglaterra, Nossa Inglaterra", sobre os tempos de paz no império: "por mais injusta que possa ser a organização da Inglaterra, o país não era de forma alguma dilacerado pela luta de classes".

A chegada do socialismo e de novas ideias políticas, assim como de incrementos tecnológicos, como o telefone, vão dando contorno à reformulação das relações.

A série foi criada por Julian Fellowes (de "Assassinato em Gosford Park") e teve já duas temporadas.

A primeira abarca o período de 1912 a 1914, até o princípio da Primeira Guerra Mundial. A segunda vai de 1916 até 1919. A terceira estreia no Reino Unido em setembro.

Infelizmente, as distribuidoras brasileiras não estão atentas a este fenômeno, já visto por 10 milhões de pessoas no planeta, e não há previsão de estreia no Brasil.

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