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Transcendência à morte marca "Sísifo Desce a Montanha"

Livro de Affonso Romano de Sant'Anna tece diálogo com o restante de sua obra literária

MARCIO AQUILES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Affonso Romano de Sant'Anna faz parte de um grupo de escritores que une de maneira coesa elementos da tradição clássica e experimentações de vanguarda.

Em "Sísifo Desce a Montanha", o autor cria novos temas e formas, mas que mantêm diálogo estreito com o restante de sua produção.

"Este livro faz parte de um conjunto. Vejo a obra literária como um sistema que vai se compondo e se diferenciando ao longo do tempo e do espaço, o que chamo de projeto poético pensante", afirma Affonso Romano.

Os temas da morte e da finitude afloram naturalmente em sua poesia e surgem como fios condutores do livro.

"Em Manuel Bandeira, o sentimento de morte é advindo da doença. Em João Cabral, ela é social. Drummond só descobre a morte no meio de sua obra. No meu trabalho, existe a ideia que você tem que construir a sua morte."

"Estou tratando da perplexidade diante da bactéria, do cosmos, de um animal e do fim do mundo. Trato da morte que transcende a tudo, que vai ocorrer daqui a 4 ou 5 bilhões de anos", completa.

Quando nomes da filosofia, que vão de Platão e Nietzsche a Derrida e Foucault, surgem no livro, carregam conceitos temáticos e estéticos intimamente relacionados com a tessitura poética do texto.

"Eu aprecio poemas com questões filosóficas. Todo poeta de alguma magnitude é um pensador, não apenas um simples rimador de emoções, pois está construindo um sistema poético pensante", diz.

O conjunto se vale de presença abundante de espacialização do verso na página, observando, além disso, uma metrificação sofisticada.

"Pratico a ideia do verso como unidade semântica, visual e rítmica. A forma fala, e o branco da página expressa sentidos desde Mallarmé."

O poema "Exercício de Finitude" encerra o livro, fechando um ciclo de sentidos iniciado no título. "É o lado de quem já foi e está se despedindo com alívio, diante da tragédia em que o mundo se meteu", conclui o poeta.

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SÍSIFO DESCE A MONTANHA

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