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Montagem leva Strindberg aos anos Lula

Alessandra Negrini estrela releitura de peça do autor sueco feita por Walter Lima Jr.

ROSANGELA HONOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Ano de início do primeiro mandato do ex-presidente brasileiro Lula, 2003 foi escolhido por Walter Lima Jr. como pano de fundo para uma nova leitura de "Senhorita Júlia", de August Strindberg (1849-1912), clássico da dramaturgia mundial.

Batizada de "A Propósito de Senhorita Júlia", a montagem, que estreia hoje no Rio, teve ainda como inspiração "After Miss Julie", em que o inglês Patrick Marber adaptava a trama aos anos 1940.

O espetáculo devolve aos palcos cariocas a atriz Alessandra Negrini, que divide a cena com Armando Babaioff e Dani Ornellas.

Encenada no ano que marca o centenário de morte do dramaturgo sueco, a peça discute temas característicos da obra do autor, como duelo de classes sociais e relação de poder entre homem e mulher.

"Foi coincidência encenar a peça no centenário de morte de Strindberg. Ela trata de assuntos permanentes e atuais", diz Lima Jr.

O diretor fez questão de ter Alessandra Negrini no papel central. "Não podia fazer com qualquer uma, e Alessandra vive sua plenitude como mulher e atriz."

A peça reafirma a bem-sucedida parceria do cineasta de longas premiados, como a "Ostra e o Vento" e "Inocência", com o teatro.

"Não faço um espetáculo cult. Uso os signos do teatro para mostrar uma visão do Brasil. E me associei a algumas ideias de Strindberg, que me fascina", afirma o diretor que, assina a adaptação com José Almino.

Lima Jr. elucida o estranhamento que pode causar a ponte criada entre a obra de Strindberg e o momento político brasileiro.

"Foi feita uma adaptação na Inglaterra que marcou o momento político inglês, quando os trabalhistas tomaram o poder. Vivemos uma situação parecida, havia uma aspiração de poder da classe trabalhadora. Faço parte de uma geração que viu outro Brasil. A subida do Lula tem um significado enorme."

O encenador afirma que foi difícil transpor a história de Júlia, moça de família rica, rebelde e transgressora, para os dias atuais, pois o tema poderia perder força.

Na nova versão, Júlia é filha de um deputado federal e se envolve com Moacir, o motorista da casa. O triângulo se completa com Cristiane, moça séria que também se envolve com o motorista.

Para Negrini, fazer Strindberg exige muito empenho. "Ele é um dos grandes, e o personagem é trágico", diz.

Assim como Lima Jr., a atriz minimiza a sensualidade exigida pelo papel. "Não é sensualidade, é só uma maquiagem da coisa. O que move é um desejo de ser amado."

A PROPÓSITO DE SENHORITA JÚLIA
QUANDO estreia hoje; qui. a sáb., às 20h; dom., às 19h30.; até 12/2
ONDE Caixa Cultural (av. República do Chile, 230, Rio, tel. 0/xx/21/2262-5483
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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