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'Intransigência do teatro nos matou', diz dono da Ticketronics

Administrador diz que Municipal do Rio poderia ter parcelado dívida de sua empresa

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

O analista de sistemas Maurício Machado Costa, administrador da Ticketronics, atribuiu à "intransigência" do Theatro Municipal do Rio a dívida acumulada no último ano e o iminente fim da empresa, pioneira na venda de ingressos pela internet.

Em ação na Justiça do Rio, o teatro cobra da Ticketronics R$ 636 mil referentes a ingressos vendidos para espetáculos entre junho e dezembro de 2010. Produtores de espetáculos na cidade também cobram dívidas da companhia. Em setembro, o Banco Rural pediu sua falência.

De acordo com Costa, o Municipal poderia ter aceitado o parcelamento da dívida proposto por ele em vez de bloquear o valor das contas da empresa. Isso evitaria, diz Costa, a série de calotes.

"A intransigência do teatro em aceitar o que tínhamos proposto foi o que nos matou. Os clientes me abandonaram. A única maneira era não parar de gerar receita", explica.

"Prosseguia minha operação, mas deixava minha porcentagem para o teatro. Quando o teatro me tirou da rede e disse isso na praça, aí eu morri."

Segundo a presidente da fundação, Carla Camurati, a principal dívida vem do espetáculo "O Quebra-Nozes".

O procurador do Estado Flávio Willeman, responsável pela ação, disse que tentou sem sucesso localizar Costa para negociar a dívida.

"Fui favorável ao acordo antes de propor a ação. Ele ficou de estudar, mas desapareceu. Com o sumiço, só restou ao Estado ajuizar a ação para cobrar o valor."

VENDA

Desde junho desativada, a Ticketronics agora está à venda. Segundo Costa, duas empresas do setor realizam auditoria para avaliar os ativos e as dívidas da empresa.

Ele reafirmou que falhas no sistema de vendas de ingressos geraram o atraso ao Municipal. "De repente eu tinha quatro tentativas de venda que constavam no relatório, mas ela se concretizou apenas uma vez", disse. "A única forma de verificar isso é sentar e contar canhoto. Mas ninguém quer."

Os relatórios lastreavam antecipação de receita -espécie de empréstimo- dos bancos Rural e Safra. Como as vendas não foram concretizadas, a empresa ficou devendo às duas instituições, que também a acionaram judicialmente.

O calote, somadas as reclamações na Justiça e de produtores, supera R$ 1 milhão. O capital social da empresa é de R$ 4,2 milhões.

Costa acredita que conseguirá pagar as dívidas.

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