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Crítica exposição Pinacoteca rearranja acervo e recria narrativas artísticas Museu monta quatro salas para mostras temporárias com obras da coleção FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA A fase ascendente que a Pinacoteca do Estado de São Paulo atravessa e que a vem consolidando como o museu mais importante do Brasil chega agora a um patamar inédito com a nova disposição de seu acervo. "Arte no Brasil - Uma História na Pinacoteca de São Paulo", título da organização atual das obras, não só rearranja os trabalhos no segundo andar do edifício como também faz com que o acervo -que tem agora 550 peças em exibição, em vez de 810- crie novas narrativas. A primeira delas é a introdução de obras contemporâneas ao longo da mostra, que traça um percurso que se extende desde o século 17, com o barroco e obras de artistas viajantes, até o modernismo, na década de 1930. Nesse percurso, pode-se ver, numa sala dedicada aos artistas estrangeiros, uma tela do holandês Frans Post (1612-80) perto da escultura "Nuvens" (1967), da brasileira Carmela Gross; o diálogo aponta para uma reflexão sobre o céu do Brasil. Outro expediente que ajudou a gerar novas narrativas no acervo, também quebrando sua ordem cronológica, foi a criação de quatro salas para exposições temporárias que propõem recortes temáticos sobre a coleção. Uma das mostras, "Viajantes Contemporâneos", com curadoria de Ivo Mesquita, mostra como há uma vertente na produção atual que faz o caminho inverso daquele seguido por artistas itinerantes no século 17. Agora, são os brasileiros que estão interessados em outras culturas, como os fotógrafos Mauro Restiffe -que retrata motoboys japoneses em Tóquio- e Vicente de Mello -com imagens um tanto saudosistas de locais distantes como Veneza, Machu Picchu ou Lisboa. VISCONTI Outra dessas exposições temporárias é dedicada apenas a autorretratos de Eliseu Visconti (1866-1944), italiano que se radicou no Brasil. O artista ganha uma retrospectiva com 230 trabalhos. A trama que o novo arranjo da coleção inventa torna o museu mais dinâmico e reforça um preceito importante: o de que não se deve apresentar arte de forma rígida. Ainda com Eliseu Visconti, coloca-se em xeque o senso comum de que a modernidade só chegaria ao Brasil após a Semana de 22, já que o artista realizou grande parte de suas obras, nada acadêmicas, bem antes do marco paulistano organizado no Theatro Municipal. Outro achado que vale destacar é a introdução da radical obra anticlerical do argentino León Ferrari numa sala dedicada aos gêneros da pintura. A disposição inovadora do acervo da Pinacoteca confirma que é do acervo que de fato se irradia a importância de um museu.
ARTE NO BRASIL - UMA HISTÓRIA NA PINACOTECA DE SÃO PAULO |
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