Wilco festeja 20 anos com caixa para fãs
Banda americana, liderada por Jeff Tweedy, lança compilação de faixas essenciais e quatro discos com raridades
Grupo promete voltar ao país após único show no Tim Festival, no Rio, em 2005; vocalista também lançou álbum com filho
Jeff Tweedy não tem tempo para o passado. Aos 47, o músico americano teve em 2014 um dos anos mais agitados e produtivos da carreira.
Lançou seu primeiro disco solo, atuou em dois seriados de televisão e começou os preparativos para as comemorações dos 20 anos do Wilco, uma das bandas mais importantes do cenário alternativo.
"Em anos humanos, esse período seria equivalente a mais ou menos um século", brinca Jeff em entrevista à Folha, em Londres, antes de um show de seu projeto Tweedy, no qual conta com a colaboração do filho Spencer, 18.
Apesar das duas décadas, o Wilco só mantém a mesma formação há dez anos --período em que lançou três discos de estúdio. Além de Tweedy, que toca guitarra, violão e canta, fazem parte hoje da banda o baixista John Stirratt, o baterista Glenn Kotche, o guitarrista Nels Cline e os multi-instrumentistas Mikael Jorgensen e Pat Sansone.
O sexteto tem em Tweedy seu líder --é ele quem escreve a grande maioria das letras--, mas foi no trabalho em grupo, com a colaboração entre seus membros, que a banda conseguiu encontrar o som que o distingue de outras bandas do gênero -- uma mistura de rock alternativo, country e folk.
"As canções de que mais gosto são as baladas mais emocionais que, normalmente, ninguém quer ouvir ao vivo", diz Tweedy. Agora, o grupo lança duas coletâneas.
A primeira, "Alpha Mike Foxtrot", é composta por quatro discos cheios de gravações raras em estúdio e ao vivo. A segunda, "What's Your 20?", é um álbum duplo que compila as faixas consideradas essenciais pela banda. "A ideia era reunir em um só lugar tudo o que os fãs teriam dificuldade de encontrar", explica.
CARREIRA SOLO
Com a trajetória do Wilco consolidada, Tweedy pode se dedicar ao que ele chama de "um projeto solo realizado por uma dupla", no qual ele compôs todas as músicas e tocou quase todos os instrumentos. A bateria ficou a cargo de seu filho mais velho, Spencer, que desde os 6 anos toca o instrumento --quem deu as primeiras aulas foi Kotche, baterista do Wilco.
A parceria com o filho vem em um momento complicado da família. Em fevereiro, Susan, mulher de Jeff e mãe de Spencer, foi diagnosticada com um tipo raro de linfoma.
O som do disco novo, no entanto, não se diferencia muito do que Tweedy vem fazendo ao longo dos anos com sua banda principal. Talvez pela ausência de seus companheiros no estúdio, "Sukierae" soa um pouco menos sofisticado do que os trabalhos anteriores do Wilco, mas as melodias suaves e o toque melancólico característicos das composições da banda também marcam presença.
"Sukierae" saiu em setembro, mas pai e filho já pensam no futuro. "Temos material para pelo menos mais três discos", diz Spencer. "Isso é o que fazemos em casa. Aproveitamos o fato de termos um estúdio e gravamos bastante", conta Tweedy. "E eu acho que muitas das nossas gravações são boas, então provavelmente vamos lançá-las."
BRASIL
Dos mais de 1.500 shows que Tweedy fez ao lado do Wilco e de seu filho, apenas um foi no Brasil, há nove anos, durante o Tim Festival de 2005, no Rio. "Sempre há planos de ir para o Brasil, e eu não sei por que eles nunca dão certo", diz ele, que afirma ter boas lembranças da passagem.
"Fomos tratados como realeza, por isso é tão estranho nunca mais termos voltado."
Oficialmente, não há uma data certa para um futuro show da banda em terras brasileiras. No entanto, a assessoria da banda diz que o país deve ser incluído em uma turnê "entre os próximos 12 e 18 meses". "Quero que os brasileiros fiquem tranquilos", diz Tweedy. "Não vamos demorar mais nove anos para voltar ao Brasil."