Painel das Letras
RAQUEL COZER - raquel.cozer@grupofolha.com.br
Para fechar o ano
Ao final de um ano difícil, que incluiu balanços com resultados negativos e a saída do diretor superintendente Michel Levy, a Livraria Saraiva, a maior do país, vem contatando parceiros com um pedido de "colaboração". Editores independentes foram surpreendidos com e-mails nos quais a empresa pedia um investimento, "de forma voluntária", de valores que variavam de R$ 1.000 a mais de R$ 10 mil. A motivação seria a "celebração de nossa grande festa de aniversário" --o grupo completou cem anos em 2014. A livraria também conversou com grandes editoras, com pedidos de valores bastante superiores aos feitos às pequenas.
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// Para fechar o ano 2
Entre grandes editores, houve quem considerasse o pedido natural e quem o definisse como pouco usual. É comum, já há algum tempo, livrarias contatarem editores com pedidos de parcerias, oferecendo em troca espaço publicitário em seus impressos ou maior exibição nas lojas. A algumas editoras, nesta conversa de fim de ano, foi oferecida uma contrapartida.
O que chamou a atenção dos editores que receberam o e-mail foi o fato de a livraria não oferecer nada em troca. Ao fim da mensagem, a Saraiva informa que gerará uma nota de débito a ser descontada em dezembro e que aqueles que não quiserem colaborar devem enviar um aviso.
O Grupo Saraiva informa que "distribuiu quotas de patrocinadores para a festa de seus cem anos, prática que é comum e legal em datas comemorativas" e que "celebra seu centenário operando varejo e editora de forma satisfatória e tal decisão nada tem a ver com os resultados da companhia".
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>> PARA POUCOS R$ 14 mil é o valor inicial de edição do livro "Le Message d'Ulysse" (1969), com desenho e dedicatória de Marc Chagall, em leilão de livros raros da Fólio Livraria no dia 15, no hotel Emiliano, em SP
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// Sem pressa
A Amazon --que acaba de estrear o Kindle Unlimited, oferecendo 700 mil e-books a R$ 19,90 por mês-- não é a única empresa a oferecer a editoras serviços de aluguel de livros. Árvore de Livros, Xeriph e Scribd são algumas com propostas em análise.
A maioria se propõe a pagar às editoras que aderirem ao serviço um valor fixo mensal, sem informar quais e quantos e-books foram baixados e lidos pelos usuários.
O formato é considerado pouco transparente, até por dificultar o repasse de direitos autorais. É o modelo central da Amazon, que só no caso de best-sellers oferece às editoras a alternativa de receber por unidade lida.
A Scribd, por sua vez, promete repassar às editoras, por livro lido, valor idêntico ao que faturariam com a venda. O modelo se sustentaria porque usuários leem menos do que o serviço oferece.
Das grandes casas, Globo e Leya aderiram com poucos títulos ao Kindle Unlimited. A Amazon diz esperar mais editoras, mas as que ainda não se dobraram não têm pressa.
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Primeira vez Luiz Ruffato, escritor dos mais requisitados para eventos literários, estreará como curador no Festival da Mantiqueira, entre os dias 10 e 12 de abril, em São Francisco Xavier (SP). Norteará sua curadoria no tema "Todos os Cantos".
Primeira vez 2 "Sempre pensei em temas nas antologias que organizei porque acredito na necessidade de uma ideia norteando. Com o tema Todos os Cantos', pretendo buscar autores de todo o país", diz o autor, um dos 48 selecionados pelo Ministério da Cultura para representar o país no Salão do Livro de Paris, em março.
Não, obrigado Enquanto autores que ficaram de fora questionam a seleção feita pelo MinC para o Salão do Livro de Paris, outros, que foram lembrados, declinaram o convite. Foi o caso de Chico Buarque, Eduardo Viveiros de Castro e Vanessa Barbara.
Não, obrigado 2 Chico Buarque, nome que os franceses consideravam prioritário, vai a cada vez menos eventos para divulgar seus trabalhos --menos chance ainda teria um evento envolvendo dinheiro público.
Não, obrigado 3 O antropólogo Viveiros de Castro disse estar "cansado de viajar". Já Vanessa Barbara afirma que não se sente à vontade participando de feiras e que não aceitará mais convites. "Fui a Gotemburgo e foi sofrido, até tive de cancelar uma leitura em Estocolmo."
Outra chance Após anos fechada e em reformas, a casa de Sergio Buarque de Holanda, no Pacaembu, durou apenas dois anos como Memorial da Educação Municipal. Desde agosto, o centro foi transferido de volta à Secretaria Municipal de Educação. A SME deve reinaugurar a casa em fevereiro como centro de mostras e debates.