Crítica Animação

Técnica 3D transforma longa em exercício sádico de dor

Filmes em 3D deveriam vir acompanhados de algum tipo de gradação para dor de cabeça. "Avatar", com suas quase três horas de monstrinhos azuis pela tela, ainda é o paradigma de experiência visual amiga da aspirina.

Mas Steven Spielberg, que sabidamente não gosta de ser superado, fez um filme que rivaliza com "Avatar" em termos de indução a dores de cabeça: "As Aventuras de Tintim", que estreia no Brasil na próxima sexta, dia 20.

As cenas escuras, a ação intermitente e os movimentos de câmera exagerados fazem de "Tintim" um exercício sádico de dor autoinfligida. Especialmente para quem usa óculos.

O filme de Spielberg, uma parceria com Peter Jackson, não tem o mesmo charme ou beleza dos livros de Tintim.

Filmado com uma técnica chamada "motion capture" (a mesma de "Avatar"), que grava os movimentos dos atores para depois transformá-los em animação, o longa tem um visual de gosto duvidoso.

Os personagens ficam no meio do caminho entre humanos e bonecos, e a contraposição desses com os cenários realistas cria um efeito incômodo.

O roteiro, criado a partir de três livros de Tintim, traz o jornalista belga -aqui com um inexplicável sotaque inglês- procurando um tesouro acompanhado de seu cão, Milu, e do capitão Haddock, que pouco faz a não ser encher a cara.

Spielberg não conseguiu reeditar a atmosfera divertida dos filmes de matinê, que ele próprio havia ressuscitado em filmes como "E.T." (1982) e "Os Caçadores da Arca Perdida" (1981).

Falta a "Tintim" o que sobrava nesses filmes: personagens interessantes e uma história que capture a imaginação dos espectadores. Mas podia ser pior. Podia ser "Cavalo de Guerra".

AS AVENTURAS DE TINTIM

DIREÇÃO Steven Spielberg

PRODUÇÃO EUA/2011

ONDE nos cines Anália Franco, Pátio Higienópolis Paulista e circuito

CLASSIFICAÇÃO 10 anos

AVALIAÇÃO regular