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Crítica Pop

David Lynch é afinado com sua bizarrice na música

de são paulo

David Lynch conseguiu transpor para seu álbum de música pop -se é possível essa classificação- a estranheza costumeira de seus filmes.

"Crazy Clown Time" é um disco de trip-hop. Ou do que sobrou do trip-hop depois que Lynch pôs as mãos nele.

Na primeira música, o diretor/músico ainda alivia para o ouvinte. "Pink's Dream", com Karen O, do Yeah Yeah Yeahs, tem até cara de single.

Ela dispara versos desesperados. A música é rock pesado, gélido, com boas pitadas de som industrial.

O problema é que a participação de Karen O acaba ali. O projeto ganharia se cantasse mais músicas. Ela ou qualquer vocalista de verdade.

A voz de Lynch não foi feita para cantar. Ele sabe disso, então usa todos os recursos tecnológicos disponíveis.

Filtros e programas deixam o vocal às vezes pastoso, às vezes robótico. A segunda opção é melhor, mas mesmo assim soa ruim, incômodo. Pena, porque boas ideias de pop eletrônico estão no disco.

"So Glad" entregue para Beth Gibbons resultaria um ótimo single do Portishead. Já "Noah's Ark" sem Lynch cantando poderia ser um instrumental do Underworld.

"Strange and Unproductive Thinking", a música mais bem-acabada que Lynch entrega, lembra a Laurie Anderson do disco "Big Science". Mas a letra sobre higiene dental pressiona os limites do mundo bizarro do autor.

O resto do repertório faz qualquer um perder a paciência. Muitas faixas não passam de pura brincadeira.

O Lynch cantor é tão estranho quanto o Lynch diretor, mas não tão bom.

CRAZY CLOWN TIME

ARTISTA David Lynch

LANÇAMENTO Play It (importado)

QUANTO cerca de R$ 40 no site www.amazon.com

AVALIAÇÃO regular

(TM)

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