Mostra em São Paulo exibe Jerry Lewis do incrível ao mediano
São 23 longas escolhidos da vasta produção do ator americano, um rei da 'Sessão da Tarde' por décadas
Dupla com Dean Martin começou nos teatros e migrou para o cinema, terminando no clássico 'Ou Vai ou Racha' (1956)
Aos 88 anos, Jerry Lewis é um ex-astro de cinema recluso e emburrado. Seu mau humor de hoje é a expressão oposta da figura que divertiu gerações com dezenas de comédias nos anos 1950 e 1960.
No Brasil, reprises intensas de seus filmes na "Sessão da Tarde", da Globo, o tornaram conhecido, levando de carona Dean Martin (1917-1995), cantor com quem fez dupla entre 1946 e 1956. Trabalharam juntos em shows (até no Rio, no Copacabana Palace) e no cinema, em 16 filmes.
O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo começa nesta quarta (4) a retrospectiva "Jerry Lewis - O Rei da Comédia", com 23 de seus mais de 70 filmes. A programação vai até o dia 30.
Numa produção tão intensa, claro que Lewis protagonizou altos e baixos. E a fatia de filmes da mostra reflete essa irregularidade.
Entre quatro obras-primas programadas, duas são com Martin: "Artistas e Modelos" (com Shirley MacLaine jovem e bem bonita) e "Ou Vai ou Racha" (com Anita Ekberg).
Último filme com Martin, de 1956, foi rodado com os dois já brigados. A dupla cruza os EUA indo para Hollywood, levando no carro um gigantesco cão dinamarquês, o divertido "Mr. Bascow".
A briga dos dois acabou deixando o filme melhor que qualquer outro deles. Há uma evidente disputa, com cada um tentando ganhar as cenas.
Mas a mostra começa com um filme estranho à trajetória de Lewis. É "O Rei da Comédia" (1982), de Martin Scorsese, em que ele é um rabugento cômico veterano (quase ele mesmo) sequestrado por um fã alucinado (um ótimo Robert De Niro). (THALES DE MENEZES)