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Livro relembra as publicações gays da imprensa no Brasil

"A Imprensa Gay no Brasil", de Flávia Pèret, mostra do ativismo de "Lampião", nos anos 1970, à "G Magazine"

Obra é a primeira da série "Folha Memória", que seleciona, todos os anos, pesquisas sobre jornalismo no país

DE SÃO PAULO

Autor de "Fina Estampa", que criou o caricato personagem Crô, Aguinaldo Silva já esteve na vanguarda da militância gay no país.

O escritor -que é homossexual, contrário ao beijo gay em novela- ajudou a fundar o "Lampião da Esquina", o primeiro jornal engajado editado por ele entre 1978 e 1981.

Foi alvo de ataques de grupos paramilitares e esteve na lista de publicações a serem banidas. Seus diretores foram acusados de "atentado ao pudor" pelo Ministério da Justiça e responderam a um inquérito policial, arquivado.

Em 1979, "O Lampião" entrevistou Luiz Inácio Lula da Silva, então dirigente sindicalista, para uma matéria sobre machismo na esquerda.

Na reportagem, o ex-presidente disse "que homossexualismo na classe operária era coisa que ele não conhecia".

Os bastidores da atuação de Aguinaldo Silva no movimento gay é resultado de pesquisa de Flávia Pèret, autora de "Imprensa Gay no Brasil".

O livro, que será lançado na próxima semana pela Publifolha, é o primeiro da série "Folha Memória", um projeto da Folha que seleciona, por meio de um concurso anual, três propostas de pesquisa sobre a história do jornalismo brasileiro.

Os escolhidos têm seis meses para finalizar a pesquisa -paga com patrocínio da Pfizer- e escrever um livro. O melhor é publicado.

Segundo Pèret, o "Lampião" acabou por um racha entre Silva e o escritor João Silvério Trevisan, outro fundador. No ano seguinte, ele foi contratado pela Globo.

"Não posso dizer que faço isso [criar personagens gays] por ativismo, mas, se a gente analisar bem, vai perceber que não deixa de ser uma forma de militância", diz.

VIRARAM PURPURINA

O livro mostra que, em quase cinco décadas, a história dos veículos gays se repete: sucumbem diante das dificuldades financeiras, geradas principalmente pela escassez de anúncios. "Foi assim com o 'Lampião, e, em parte, com a 'Sui Generis' [revista]", diz.

A "G Magazine", primeira a exibir ensaios fotográficos de famosos em nu frontal, é outro exemplo.

Ela surgiu em 1997, se sustentou por alguns anos, mas, no final, acabou lançando revistas pornográficas para gerar receitas. Em 2008, foi vendida a um grupo estrangeiro.

Recentemente, parte das publicações migrou para a internet e ganhou vida nova.

Mas, ainda segundo Pèret, a proposta editorial mudou. Em vez do ativismo político, os títulos focam na "militância de mercado": o que os gays consomem, como se comportam e seus ícones.

A IMPRENSA GAY NO BRASIL
AUTORA Flávia Pèret
EDITORA Publifolha
QUANTO R$ 19,90 (136 págs.)

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