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Crise atinge as orquestras americanas

Cenário da música clássica no país tem falências, pedidos de concordata, redução salarial de músicos e greves

Quedas nas doações e na venda de ingressos obrigam instituições a reestruturar operações para cortar custos

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

Entre o final de 2010 e o início de 2011, as orquestras de Honolulu, Siracusa e Novo México pediram falência.

Em abril do ano passado, a filarmônica da Filadélfia pediu concordata, caminho tomado pela orquestra de Louisville meses antes.

Em Detroit, músicos fizeram greve de seis meses. Em Cleveland, outra paralisação.

"Sim, há uma crise nas orquestras americanas [...]. Há histórias ecoando sobre problemas também em Baltimore, Seattle, Atlanta, Nova York e Minnesota. Mesmo os arranjos feitos em Detroit e Cleveland deixaram essas orquestras com deficits estruturais e doações empobrecidas, sem um plano claro de como as questões podem ser abordadas", escreveu Tony Woodcock, ex-presidente das orquestras de Oregon e de Minnesota, em artigo.

À Folha, a orquestra da Filadélfia informou que já renegociou dívidas e que avançou a rediscussão de contratos com músicos, que terão salários reduzidos nos próximos quatro anos.

Desde abril, o fundo lançado pela orquestra já arrecadou US$ 27,5 milhões (R$ 48,9 mi). A concordata no ano passado permitiu que a filarmônica continuasse funcionando enquanto reorganizava as finanças, prejudicada por um deficit de US$ 14,5 milhões (R$ 25,7 mi).

O rombo foi provocado por queda na venda de ingressos, diminuição nas doações e aumento nos custos.

"Um dos objetivos mais importantes é garantir que a música continue a ser tocada. Nenhum show foi cancelado nesses oito meses desde a concordata", afirmou a assessoria de imprensa.

Jesse Rosen, presidente da Liga Americana das Orquestras, que representa 900 conjuntos, corrobora a ideia de que a saúde financeira das formações depende da não interrupção do trabalho.

De acordo com a liga, 35% da receita vêm de ingressos e assinaturas, 39% vêm de contribuições privadas e 13%, de doações. Os dois últimos itens foram bastante afetados pela crise econômica.

Relatório do National Endowment for the Arts, órgão independente do governo que financia projetos culturais, aponta que, embora a recessão iniciada nos EUA em 2007 tenha afetado as artes, há outros fatores relevantes.

Cerca de 35% dos adultos nos EUA (ou 78 milhões) visitaram algum museu ou assistiram a apresentação artística na pesquisa de 2008. Em 1982, 1992 e 2002, eram 40%.

A pesquisa mostra também que o público de jazz e música clássica está mais velho e que os universitários têm limitado sua participação em eventos culturais.

Apesar dos desafios, a liga relativiza os problemas financeiros e o declínio do público. "Entre 1982 e 2011, apenas 14 das cerca de 900 orquestras que integram a liga encerraram operações. Dessas, a maioria era de orquestras pequenas ou de câmara."

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