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Sundance olha para artistas provocativos

Documentários retratam vida do chinês Ai Weiwei e performances de Marina Abramovic

ENVIADA ESPECIAL A PARK CITY, UTAH

Ai Weiwei e Marina Abramovic, artistas que figuram entre os mais provocativos da atualidade, são temas de dois documentários elogiados no Sundance Film Festival, maior evento do cinema independente dos EUA.

Apesar de usarem plataformas distintas, o chinês e a sérvia têm em comum a coragem de colocar o próprio corpo em jogo.

Enquanto ele provoca a ditadura chinesa e é espancado por policiais, ela tira a roupa em performances ousadas e faz vídeos se automutilando.

"Ai Weiwei: Never Sorry" começa em seu estúdio-residência em Pequim, habitado por dezenas de gatos e esculturas. "Eu me considero mais um jogador de xadrez", ele diz. "Espero meu oponente fazer sua jogada para reagir."

O rival, no caso, é o governo chinês, que Weiwei, 54, vem criticando mais abertamente desde 2008, ao declarar boicote aos Jogos Olímpicos e ao investigar a morte de 5.000 estudantes no terremoto de Sichuan.

A investigação rendeu uma obra com milhares de mochilas cobrindo a fachada de um museu alemão em 2006, seu trabalho mais ambicioso, segundo o artista, mas também fez com que ele apanhasse de policiais chineses.

O filme aborda sua participação intensa no Twitter, sua passagem por Nova York nos anos 1980 e seu filho fora do casamento.

Hoje, ele tem uma conta a pagar de US$ 2,4 milhões em impostos, desculpa para prendê-lo por 81 dias em 2011.

"Ele mudou. Existe um Ai Weiwei antes e outro depois da detenção", disse a diretora Alison Klayman após a exibição do filme, aplaudido de pé durante o festival. "Ele ficou mais cauteloso. Se fosse um ano atrás, com certeza ele estaria aqui agora."

700 HORAS SENTADA

Já a batalha da artista sérvia de 65 anos é em outro campo: "A performance sempre foi uma alternativa. Quero que seja reconhecida. Antes que eu morra", ela diz, no documentário "Marina Abramovic - The Artist Is Present".

O filme enfoca os bastidores de sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), em 2010, quando ela passava o dia inteiro em completo silêncio numa cadeira, olhando nos olhos de visitantes (mais de 700 mil em três meses) que iam se sentar a sua frente.

A parte mais emocionante é seu reencontro com alemão Ulay, colaborador e namorado que conheceu em 1976, com quem morou como nômade numa van, viajando por países da Europa.

Ela fala com amargura do fim do relacionamento e de como foi obrigada a se reinventar, aos 40 anos, logo após uma performance na Muralha da China, na qual cada um começou caminhando por uma ponta para se encontrar no meio e, então, encerrar de vez a parceria de 12 anos. (FERNANDA EZABELLA)

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