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Olheiros de festivais rejeitam rótulo de cinema brasileiro

Em Tiradentes, eles dizem não localizar na produção nacional predomínio de um só gênero, tema ou cenário

Estrangeiros presentes comentam a atuação de coletivos como o Teia, em que os membros se revezam entre funções

MATHEUS MAGENTA
ENVIADO ESPECIAL A TIRADENTES (MG)

Olheiros de festivais internacionais que vieram à Mostra de Cinema de Tiradentes em busca de filmes para suas mostras paralelas ou até seleções oficiais dizem rejeitar o conceito de cinematografia brasileira.

"Eu não acredito em territórios nacionais, mas em territórios poéticos. Há filmes feitos no Brasil que são mais próximos esteticamente de trabalhos feitos em outros países", disse Paolo Moretti, que foi olheiro por quatro anos no Festival de Veneza.

Segundo Anne Delseth, ligada ao festival de Cannes, é muito difícil dizer que há um estilo de cinema brasileiro, porque não há temática ou gênero que se sobressaia ou o predomínio de um tipo de cenário (urbano ou rural).

"Há festivais que gostam desse selo de 'terceiro mundo', com pobreza ou florestas, mas acho que o cinema brasileiro está fora de um modelo. No entanto consigo dizer 'ah, esse é um filme argentino porque tem mais conversa e outros elementos característicos'", afirmou.

Moretti e Delseth participarão hoje de um debate em Tiradentes, com mais dois olheiros, acerca do olhar estrangeiro sobre o cinema produzido no Brasil. A Folha entrevistou também Sesi Bergeret, do festival de cinema independente de Barcelona, que não estará no debate porque já retornou ao seu país.

Bergeret disse que ainda não conseguiu selecionar um filme brasileiro para o festival, mas ficou encantada com os coletivos de cinema como a Teia, de Minas Gerais, nos quais os integrantes se revezam nas funções (o diretor de um filme depois produz o trabalho do colega etc.).

"A quantidade de filmes que são codirigidos é incrível. A ideia que está se mostrando ali na tela requer que todo mundo creia nela. Não há essa coisa de diretor louco e inspirado", afirmou.

Fruto do Teia, o filme "Girimunho" foi selecionado no ano passado para festivais como Veneza e Barcelona.

"No exterior, poucos percebem as condições de produção do filme, se foi coletiva ou não. Eu não diria que é isso que sobressai, mas sim os resultados, que são maravilhosos", afirmou Moretti.

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