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Crítica artes plásticas Mostras frisam pluralidade do acervo do MAC "Modernismos no Brasil" e "MAC em Obras" mostram bastidores do museu e revelam funções além da exposição FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA Duas mostras em cartaz no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em sua sede no parque Ibirapuera, são um bom sinal do que pode ocorrer com a ocupação do novo prédio, o antigo Detran, a apenas algumas dezenas de metros do atual espaço. O convênio de cessão do novo local, concedido pelo Governo do Estado, deve ser assinado no próximo sábado. "Modernismos no Brasil" e "MAC em Obras" abordam o acervo do museu de formas distintas, mas complementares. Em "Modernismos", com curadoria de Tadeu Chiarelli, diretor da instituição e responsável pela transferência para a nova sede, busca-se relativizar o papel de Anita Malfatti (1889-1964) e da cidade de São Paulo, por conta da Semana de 22, como foco da produção moderna brasileira -tese que já vem sendo contestada há certo tempo. O importante na mostra é aproximar 150 obras-primas da coleção, tanto nacionais como estrangeiras, questionando também o caráter derivativo da produção brasileira, ou seja, que o que aqui se realizou até os anos 1950 seria mera cópia do modernismo europeu. Ao colocar, por exemplo, lado a lado, obra de artistas como Geraldo de Barros (1923-88), Lasar Segall (1891-1957) e Paul Klee (1879-1940), o curador aponta não apenas as influências que importam, mas como as relações que se criam entre elas podem geram novas narrativas. Já "MAC em Obras" observa o acervo da instituição a partir das dificuldades e desafios de conservação da produção contemporânea. Durante a exposição, 19 objetos e instalações podem ser vistos em seu processo de documentação, conservação e restauro, em obras de Alex Vallauri (1949-87) e León Ferrari, entre outros. Com "Aparelho Cinecromático" (1956), de Abraham Palatnik, por exemplo, é exibido um laudo que relata os problemas de conservação, como a inexistência de lâmpadas iguais às utilizadas inicialmente pelo artista, o que dificulta, hoje, alcançar-se o efeito original. Também é apresentado o conjunto de intervenções realizadas para a conservação da obra. Dessa forma, o MAC expõe seus bastidores, revelando que exibir é apenas uma das funções do museu, mas preservar e conservar, frente às mudanças tecnológicas e dos materiais artísticos, é também missão fundamental.
MODERNISMOS NO BRASIL
MAC EM OBRAS |
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