Crítica filme na TV
Longa sobre casal lésbico foca o mistério da sexualidade
O problema nos filmes que tratam da homossexualidade é que o sexo, quase sempre, ocupa um lugar central na trama não por ser central na vida humana, mas por conta do preconceito que cerca o tema.
Boa parte de "Azul É a Cor Mais Quente" ("La Vie d'Adèle", 2013, 18 anos, Max, 20h) gira em torno da descoberta do prazer da jovem Adèle, que o encontrará com Emma.
E, no entanto, talvez o que menos importe no filme de Abdellatif Kechiche seja o "beijo gay" e suas extensões. Trata-se de saber o que é um homem. E Kechiche trata o tema com a grandeza das tragédias. Pois o trajeto de Adèle passa pela impossibilidade de contornar o que há de específico em sua sexualidade.
O filme tem no centro o mistério da sexualidade. Eis um filme sobre gays que se permite não ser gay: qualquer um pode se ver em Adèle.