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'Não queremos ser um espetáculo de mídia', diz diretor

Tadeu Chiarelli defende abertura 'paulatina' do museu, que receberá acervo completo só em outubro deste ano

Impasses atrasam a mudança do museu desde 2007, quando decreto determinou que Detran saísse do local

DE SÃO PAULO

Não foi fácil chegar até aqui. Mesmo que a inauguração tímida do Museu de Arte Contemporânea da USP em seu novo endereço no Ibirapuera deixe a desejar ao expor só uma parte ínfima do acervo e ao não abrir todo o prédio ao público, o maior dos impasses já foi superado.

"Isso consolida um grande polo cultural da cidade", diz o secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo. "A entrega do prédio é o início das atividades do museu."

Do decreto que transformou o Detran em MAC, em 2007, até hoje, foram quase cinco anos de contratempos para que o museu pudesse se instalar onde está agora.

Primeiro, o projeto de reforma de Oscar Niemeyer, que desenhou o prédio original, foi vetado pela defesa do patrimônio histórico porque o Palácio da Agricultura, de 1951, é um bem tombado.

Também era cara demais a proposta, orçada em R$ 120 milhões. Depois, a Secretaria de Estado da Cultura destinou pouco mais de metade disso para adequar os espaços internos, sem grandes mudanças estruturais, a fim de abrigar o acervo do museu.

Passada a reforma, que terminou em setembro do ano passado, a Universidade de São Paulo não chegava a um acordo com o governo do Estado sobre quem deveria bancar a operação do MAC.

A solução, costurada pelo governador Geraldo Alckmin, foi doar o imóvel à USP. Um decreto deve oficializar o ato.

MARCHA LENTA

Agora, quase três anos depois da primeira data fixada para a inauguração do museu, em junho de 2009, o MAC abre em marcha lenta.

"Iniciar a implantação do museu com uma mostra muito enxuta diz que não queremos ser um espetáculo de mídia", diz o diretor do museu, Tadeu Chiarelli à Folha. "O MAC tem que ter um 'delay', um pé atrás em relação à sociedade de consumo na qual a arte está mergulhada."

É com esse argumento que ele defende a mudança "paulatina" para a nova sede. Primeiro, só o térreo será ocupado com uma pequena mostra de esculturas.

Em maio, serão abertas individuais de León Ferrari, Julio Plaza e Rafael França a partir de obras do acervo. Julho terá individuais de Di Cavalcanti e José Antônio da Silva e uma coletiva de artistas contemporâneos em diálogo com obras da coleção.

Só em outubro é que cerca de 2.000 obras, um quinto de todo o acervo, passarão a ser expostas em caráter permanente em quatro dos sete andares do prédio principal.

"Temia uma equipe sem intimidade com o espaço tentando ocupar tudo de uma vez só", diz Chiarelli. "Esse espaço será testado, vamos tentar levantar hipóteses."

Mas embora Chiarelli defenda hoje certa cautela na mudança, ele conhece bem o espaço desde abril de 2010, quando assumiu a direção do MAC. Na época, ele já elaborava um plano de ocupação, o mesmo que será implantado até outubro deste ano.

Sua antecessora, Lisbeth Rebollo Gonçalves, também esboçou planos de mudança para a nova sede até o fim de sua gestão, há dois anos.

Segundo Chiarelli, a mudança toda será concluída em abril do ano que vem, quando o MAC faz 50 anos.

"Vejo a abertura dessa exposição agora como o início da comemoração", diz o diretor. "É uma implantação discreta, mas definitiva."

(SILAS MARTÍ)

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