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Escritor de ficção policial retoma série de sucesso

Em "Estrada Escura", Dennis Lehane reencontra detetives de livro de 1998

"A ficção criminal tem autores bons e ruins", diz Lehane, que já escreveu roteiros para o seriado "The Wire"

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O autor norte-americano Dennis Lehane, 56, ficou conhecido por seus romances policiais, geralmente ambientados na área de Boston. O mais conhecido é "Sobre Meninos e Lobos", levado ao cinema por Clint Eastwood.

Outro popular é "Paciente 67", adaptado por Martin Scorsese em "Ilha do Medo".

Autor de dez livros e de roteiros para o seriado "The Wire", Lehane acaba de lançar no Brasil "Estrada Escura", continuação do sucesso "Gone Baby Gone" (1998).
O livro traz de volta os investigadores Patrick Kenzie e Angela Gennaro, personagens de seis de seus livros.

Folha - Por que você decidiu retomar a série Kenzie-Gennaro em "Estrada Escura"?
Dennis Lehane - Meu último livro ["The Given Day", um romance histórico que tem como pano de fundo a greve da polícia de Boston de 1919] foi um trabalho gigante, que me custou seis anos de pesquisas. Eu estava louco para voltar a escrever uma história contemporânea, que não exigisse tanta pesquisa.

Você não faz muita pesquisa para seus livros policiais?
Não muita. Eu escrevo a história toda e depois procuro alguém para me dizer se escrevi algo muito errado.

Já li entrevistas suas em que dizia que Richard Price e Graham Greene foram grandes influências.
Sem dúvida. Price escreveu histórias urbanas que apelam diretamente à minha sensibilidade. Mas minha maior influência é, sem dúvida, Elmore Leonard.

Você escreveu um prefácio muito bonito para a reedição de "The Friends of Eddie Coyle" (1970), de George V. Higgins, que é um dos livros prediletos de Leonard...
Sim. Leonard sempre disse que aquele era o maior romance policial já escrito, e eu tenho de concordar. Curiosamente, só li "Eddie Coyle" há pouco tempo e nunca li mais nada de Higgins, então não posso dizer que ele tenha sido uma grande influência. Mas como ele influenciou Elmore Leonard, acho que acabou me influenciando também.

Há quem não veja muitas qualidades na literatura policial.
É verdade. Mas acho que, assim como todos os gêneros, a ficção criminal tem autores bons e ruins. Acho que nomes como Elmore Leonard, James Ellroy e James Lee Burke elevaram a literatura policial a um patamar mais alto.

Você tem lido bons livros de autores novatos?
Para falar a verdade, não acompanho tanto quanto deveria. Tenho um amigo carpinteiro, e ele me diz: "Passo o dia consertando a casa dos outros; quando chego em casa, não quero ficar consertando a minha". Também não gosto de ficar checando pessoas que fazem a mesma coisa que eu. Mas, se tivesse de destacar algum livro recente, posso indicar "Galveston", de Nick Pizzolatto.

Você escreveu alguns episódios de "The Wire". O que acha da qualidade dos roteiros para TV hoje? Muita gente diz que são, na média, melhores que roteiros de cinema.
Eu concordo. Tem muita coisa muito boa sendo feita para TV. Quando você assiste a programas como "Walking Dead", "Mad Men", "Breaking Bad" e "Homeland", fica impressionado com a qualidade dos textos.

A que você deve isso?
Acho que, na TV, o roteirista ainda é o rei. No cinema, tudo parece ser decidido em comitê. Se você tem uma ideia, precisa submetê-la a 30 pessoas, incluindo o pessoal de marketing, antes de chegar aos chefes. Já na TV, quando você trabalha em uma produtora de primeiro time, como HBO, Showtime ou AMC, você sempre fala diretamente com quem manda.

Não posso terminar sem perguntar sobre sua participação na Flip, em 2007.
Adorei conhecer o Brasil. A Flip foi fantástica. Não acreditei na quantidade de pessoas nos debates. Fiquei emocionado com a reação. Fora que as mulheres eram lindas. Minha mulher viu as fotos e disse que não vai me deixar mais ir ao Brasil sozinho.

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